quarta-feira, 29 de junho de 2016

DECIDIR – 10

            Hoje concluo esta série de dez reflexões pensando nas três tentações que Jesus teve nos quarenta dias que antecederam o início de sua missão. Estas tentações estão presentes até hoje desafiando muitas lideranças.
1ª. Como resolver o problema da fome, da falta de pão? Para resolver o problema teve a tentação do caminho mais fácil, transformar as pedras em pão. A fome do povo estaria solucionada? A fome vem pela falta de pão ou pela falta da aceitação da palavra de Deus que nos ensina partilhar? Venceu esta tentação.
2ª. Como resolver o problema da descrença do povo? Pensou em chamar atenção do povo pelo fantástico milagre do exibicionismo de pular de cima da torre do Templo e ser amparado pelos anjos. A cada dia já é dado  o milagre da vida para o enfrentamento de todas as dificuldades! Para crer não é  preciso tentar a Deus pedindo milagres. Venceu esta tentação.
3ª. Como resolver a tentação do poder, da riqueza e da glória? Cederia a tentação da aliança com o “diabo” (corrupção). Lembra novamente que tudo já é de Deus e que somente servindo a Deus, poderemos nos apossar dos bens para o bem de todos. Venceu esta tentação.
Estas tentações existem até hoje. Continua a falta de pão na mesa dos empobrecidos e o acúmulo do pão na mesa de poucos, por falta da Palavra de Deus que exige o milagre da justiça e da partilha. Continuam pela mídia, a propaganda de oferta dos mais diferentes e variados milagres. Tentam o Senhor Deus, tirando das pessoas a responsabilidade social pelo bem estar de todos. Continua a corrida atrás do dinheiro, do poder e da glória como se isto fosse o mais importante da vida e se esquecem de Deus dos empobrecidos, onde Ele se faz presente e quer  neles ser encontrado. Em quaisquer circunstâncias, amar o outro, sempre é o mais importante, para uma aliança com Deus.



terça-feira, 21 de junho de 2016

DECIDIR – 9


                    Jesus veio para restaurar os relacionamentos humanos. Veio nos dizer que só se relaciona bem com Deus quem se relaciona bem com o outro. Deus não quer que vivamos isolados. O primeiro relacionamento é homem e mulher. Sendo família, os dois serão uma só carne e do amor entre os dois em pé de igualdade nasce a sociedade.
                        Jesus manifesta este respeito com a mulher que  era muito desconsiderada, pior ainda, quando pecadora.
 - É contra o falso  moralismo dos homens  e sai em defesa da mulher: «Quem de vocês não tiver pecado, atire nela a primeira pedra.» ...E pergunta para a mulher:  «Mulher, onde estão os outros? Ninguém condenou você?» 11 Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Então Jesus disse: «Eu também não a condeno. Pode ir, e não peque mais.»
- Vai contra as barreiras culturais que dificultam o diálogo entre mulher e homem. Toma iniciativa de conversa com a samaritana. Jesus lhe pediu: «Dê-me de beber.»... Desconsidera a má resposta da mulher ...: «Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou samaritana?» (De fato, os judeus não se dão bem com os samaritanos). Passa por cima e continua a conversa até falar ao coração dela, sem se importar com que os outros, os seus discípulos pudessem pensar dele. João 4,1-42.
- Por três vezes, em Mateus Marcos e João é narrada a cena da mulher que se aproxima de Jesus com um frasco de alabastro de perfume precioso. Em Mateus e Marcos ela unge a cabeça e em João ela unge os pés. Jesus aceita este gesto de carinho “porque ela demonstrou muito amor”. Em Mateus e Marcos Jesus manda: “por toda a parte, onde esta Boa Notícia for pregada, também contarão o que ela fez, e ela será lembrada.» Mateus 26,6-13, Marcos 14,3-9 e João 12,1-11.
- A ressurreição de Jesus, o ato mais importante da fé cristã, foi primeiramente revelada à uma mulher, Maria Madalena, aquela que muito amou. Lucas 7,47; Marcos 16,9.
            Fico a pensar o quanto no mundo e nas Igrejas ainda a dignidade da mulher precisa ser promovida e proclamada, à exemplo de Jesus.

                   

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Estou pensando na Dirce, a Dirce calada, a Dirce discreta, a Dirce serviçal, a Dirce virtuosa, a Dirce humilde, a Dirce de fé, a Dirce do trabalho, a Dirce humanista, a Dirce de muito amor... e agora descubro a DIRCE PRESIDENTE DE HONRA DA ASSOCIAÇÃO DOS ANISTIADOS DE GOIÁS. Não conhecia as raízes da Dirce. O quanto ela, seu pai, sua família sofreu no tempo da ditadura. Ela não se deixou endurecer, não se encheu de orgulho, ela simplesmente continua no silêncio construindo a história. Quem sabe, assim como foi aberto o arquivo do tempo da ditadura, a Dirce tira um dia para contar para seus amigos a sua história de vida. Pensando na Dirce, guerrilheira do amor, escrevi este poema em sua homenagem:

TEMPOS DA DITADURA

Não importa o tempo,
O tempo da ditadura,
O tempo do silêncio,
O tempo da mordaça,
O tempo da censura,
O tempo da morte.

Não importa a força,
A força das armas,
A força da mentira,
A força da crueldade,
A força dos julgamentos,
A força dos golpistas.

Não importa o tempo,
Tempo curto ou longo,
Tempo do dia ou da noite,
Tempo do progresso ou regresso,
Tempo dos horrores sem amores,
Tempo, tempo perdido.
O QUE IMPORTA,
É a força da humanidade,
É a força da solidariedade,
É o apreço pela liberdade,
É o valor da justiça,
É o triunfo da verdade.

O QUE IMPORTA,
É a semente que não morre,
É a semente do bem,
É a semente que cresce,
É a semente que se multiplica,
É a semente do novo homem.


domingo, 12 de junho de 2016

DIA DOS NAMORADOS

Feliz de quem não precisa esperar,
Chegar o dia dos namorados
Para expressar o amor,
Para oferecer a flor,
Para reafirmar a paixão
Que arde no coração.

Feliz de quem,
Perto ou distante,
Bem melhor, quando perto,
Ter ao alcance do carinho
A pessoa amada,
A sua eterna namorada.

Feliz de quem,
Adolescente, novo ou idoso,
Ter a chama sempre quente,
Os lábios sempre prontos,
O abraço sempre laço,
De vidas que se entrelaçam.

Feliz de quem,
Confia em alguém,
Revela da vida os segredos,
Vencendo receios e medos,
Para escuta-compreensão,
De um sábio-terno coração.

Feliz de quem,
Toda esta felicidade tem,
E o nome deste amor jurado,
Foi por Deus colocado,
Nos corações sempre em festa,
Dos ternos e fiéis enamorados.


sábado, 11 de junho de 2016

DECIDIR – 8
 21/05/2.016

            Há tempo procuro a melhor explicação para esta afirmação de Jesus: “você é Pedro, e sobre essa pedra construirei a minha Igreja, e o poder da morte nunca poderá vencê-la. 19 Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu, e o que você ligar na terra será ligado no céu, e o que você desligar na terra será desligado no céu...» (Mt.26).
Como católico ouvi muitas explicações em defesa da própria instituição.  Agora encontrei no teólogo e historiador Eduardo Hoornaert, uma explicação que considero mais evangélica e me satisfez.
            Tento expor o pensamento do Eduardo. Ele explica que o conhecimento que Jesus tinha da palavra Igreja era a do contexto do seu tempo.  A palavra Igreja vem do grego (ekklésia) que é uma tradução do termo hebraico ‘knesset’ que significa sinagoga.  Jesus era judeu, pensava como judeu e estava diante de Pedro que também era judeu. O evangelho nos mostra Jesus pregando muitas vezes nas sinagogas, onde não havia a figura do sacerdote e sim do “rabi” = mestre.
            “As sinagogas são orientadas por lideranças naturais. Não há ordenação, nem imposição das mãos, nem hierarquia”. Neste sentido, o povo das aldeias, chamava Jesus de Mestre. O Rabi não pertence a alguma corporação. Seu vínculo fundamental é a com a comunidade (aldeia) local. Jesus nos evangelhos nunca foi chamado de sacerdote.
            Certamente, Jesus neste momento estava pensando na sua nova Igreja (sinagoga), liderada por pescadores e camponeses levando a nova mensagem do Evangelho.   Jesus dá a Pedro, e a cada novo Rabí,  o cuidado para que o poder da morte (exploração, ditadura,  egoísmo, individualismo,  doenças, injustiça, fome e...)  não prevaleça sobre seu pequeno rebanho. Vamos construir este sonho-projeto em cada célula, em cada grupo de CEBs, em cada grupo de fé,  igreja (sinagoga).



domingo, 5 de junho de 2016

DECIDIR – 7

Hoje mais do que nunca, as Igrejas na sua maioria, está preocupada com a salvação eterna. É justa esta preocupação. Quero também uma vida que seja eterna. Mas o que devo fazer para conseguir a vida eterna? Esta preocupação não é de hoje. Até um legista da lei fez esta pergunta para Jesus Lc.19,25-28.
A resposta é simples é o amor ao próximo. Qual próximo? Naquele tempo muita gente estava cegamente sofrendo para dar conta de seguir a orientação dos sacerdotes, como também cegos para entender as artimanhas de tantas leis criadas dificultando o amor. O próximo tinha se tornado uma pessoa distante.
O legista da lei, que se exibia diante do povo, como conhecedor e cumpridor das leis, querendo cegar ainda mais os olhos do povo simples, pergunta a Jesus: “QUEM É O MEU PRÓXIMO?” Jesus aproveita da ocasião para acabar com a arrogância do legista da lei, para abrir os olhos do povo e desmascarar a falsa prática religiosa dos sacerdotes e levitas.
Conta o fato de um homem, não importa quem é o homem; é um homem que é roubado, ferido pelos ladrões e abandonado na beira da estrada. Pela estrada passam o sacerdote e o levita que vinham provavelmente do culto no Templo de Jerusalém. Passam pelo homem abandonado e vão se embora. De nada, serviu o culto para a prática do amor do sacerdote e do levita. Passa um samaritano que tem fama de não praticar a religião. É ele quem cuida do ferido até o fim. E Jesus proclama bem alto: FOI O SAMARITANO QUEM PRATICOU O AMOR, É DELE A VIDA ETERNA.
Peço todo dia a Deus que não me tire a sensibilidade, a compaixão e que a prática da religião não me torne irresponsável pelo meu próximo marginalizado.