domingo, 18 de julho de 2010

CHEGADA DO TONINHO NO CÉU



O Toninho, embora bom profissional, vinha a cada dia mais, sofrendo com o vício da pinga. Sofria porque queria parar e não dava conta. Sentia-se humilhado, diminuído e sofria mais ainda pensando na vergonha que fazia sua esposa e filhos passarem por causa dele. Fez mil juras e promessas, mas a doença da dependência do álcool sempre era mais forte.
Chegou o dia e a hora, em que numa fatalidade o Toninho partiu para a nova dimensão da vida. Foi num acidente e quando acordou já estava no meio de uma grande multidão. Era tanta gente que nem dava para contar. Pessoas de todas as idades, nações, cores, raças, condições sociais, credos e sem credos religiosos, estudados e analfabetos. O Toninho ficou atordoado e agora, o que iria acontecer com ele? Não teve nem tempo de parar de beber e recomeçar nova vida, como tanto sonhara.
No meio daquela multidão, o pensamento do Toninho, mergulhou num fogo e apareceu uma claridade tal que trouxe as lembranças de todo bem que fez e de todo bem que deixou de fazer. Sentiu uma profunda dor ao pensar que seu amor pela família poderia ter sido bem maior.
Era o fogo da purificação que tudo clareia e acaba com todas as ilusões. Por quanto tempo este fogo queimou sua mente e seu coração?... Não se deu conta, porque lá o tempo tem nova medida. E, como num passe de mágica, viu chegar dois anjos sorridentes, pegaram-no pelo braço. Seria agora seu julgamento? Iria ser confirmada a condenação que sempre recebeu na terra?
Ainda mais admirado ficou, quando viu sua mãe, no meio de um grande número de parentes e amigos que tinham partido antes dele. Colocado no centro do círculo de amigos, sentiu o conforto do abraço de Jesus que lhe disse:
Toninho, eu vi o quanto você viveu cansado e oprimido. Vi o quanto você lutou no seu interior para ser diferente. Vi com alegria sua simplicidade, humildade e com todo seu sofrimento você se esforçava para ser brincalhão e muito prestativo. Aqui, estão muitos de seus amigos, para lhe dizerem muito obrigado. Você foi um pai carinhoso, esteve sempre presente na vida de seus filhos. Você muito sofreu e por isto compreendeu o sofrimento dos que estavam em situação igual ou pior que a sua. Toninho receba a recompensa de todas as lágrimas derramadas e de todo amor semeado.
Com os olhos cheios de lágrima, viu que Deus Pai e Deus Mãe, aprovavam a decisão de Jesus e sentiu-se abraçado por Nossa Senhora, que foi a primeira da grande fila que se formou. O Toninho tentou beliscar-se para ver se tudo era verdade... foi aí, que tomou conhecimento de seu novo corpo e de sua nova história. Agora é o céu.

sábado, 10 de julho de 2010

EXERCER A CIDADANIA

É fácil exercer a cidadania? Tenho dificuldades. Exercer a cidadania é cumprir deveres e exigir direitos. Hoje sei que cumpro muito mais meus deveres e bem pouco exijo meus direitos. De quem cobrar? No mundo civil, do presidente, governadores e prefeitos? dos presidentes das assembléias? dos juizes do supremo tribunal? No mundo eclesial, do papa, bispos, apóstolos, padres e pastores?
Todos os que se revestem do poder se distanciam do comum cidadão e exercem o poder num emaranhado relacionamento de forças, muitas vezes contraditórias.
Tudo isto acontece à nivel de todos os poderes, inclusive a partir do poder "eclesial". Aqui acreditam que o poder vem mais de cima. Tornam-se mais "poderosos", porque é em nome do "Todo Poderoso" que exercem o poder.
Como então exercer a plena cidadania na sociedade civil ou eclesial? Vamos continuar conversando.

domingo, 4 de julho de 2010

AINDA É TEMPO


Cada vez mais o vício da droga mata nossos filhos, nossos sonhos e cada vez mais cedo. Foram tantos anos de trabalho, de noites sem dormir, de sonhos, de estudos.
Eles deixaram de ser testemunhas oculares de como se cresce e se faz na vida para ostentarem contra nós sua rebeldia e sua marginalidade.
O exemplo que oferecíamos exigia toda nossa atenção para nossos trabalhos, nossos estudos, nossas aquisições, nossos títulos, nossas reuniões e nossos amigos. Éramos pessoas em busca de realização querendo ainda mais. Nossos filhos já teriam meio caminho preparado. O dia de amanhã nunca chegou.
Esquecemos que uma só coisa é necessária e, que à cada dia, bastam as suas preocupações. A coisa necessária é a perda de tempo, é o tempo de escuta das necessidades, da ansiedade, dos medos, das emoções do filho criança que cresce. Faltou-nos tempo.
Pensávamos, que seria natural, nossos filhos seguirem nossos exemplos. Afinal, filho de peixe peixinho é... e, nos esquecemos que no mar da vida tubarões ferozes, revestidos de golfinhos seduziam nossos filhos para águas e praias mais prazerosas.
É difícil nos reconstruirmos, nos tornarmos pessoas mais simples e menos ambiciosas; usarmos de nosso tempo para aquilo que é essencial: a escuta dos nossos filhos. Por que não começarmos agora?!