BUSCANDO A SAÚDE

 

BUSCA DE SAÚDE -1

A PAZ

José Vanin Martins – Agosto 2020

 

            Tive dois pneumotórax natural, condensação dos ílios pulmonares, tenho sobrecarga no ventrículo esquerdo do coração; já estou com o marca-passo e dois stents, e com tudo isto, estou chegando nos oitenta. O médico me disse que eu tinha uma doença grave, mas que não era um doente grave. Demorei um tempo para compreender essa afirmação. Hoje vendo o covid-19 roubando ou atrapalhando pessoas amigas, voltei a pensar no assunto.

            É possível ter o covid-19 sem se tornar um doente grave? Diante de meu pesado estado clínico, busquei a saúde em Jesus que disse: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância, ^{(Jo 10,10)} e se ofereceu: “Venham para mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso. Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para suas vidas.  Porque a minha carga é suave e o meu fardo é leve”. ^{(Mt 25,28-30)}

                    Fui ao encontro de Jesus, porque queria saúde, vida e estava cansado de carregar o peso de meu fardo. O meu fardo seria a doença? Para ter vida e descanso. A primeira coisa que Jesus me pede é que eu seja manso e humilde de coração.  Foi ai que comecei a minha aprendizagem.

            Jesus já tinha me preparado:  “Convertam- porque o Reino do Céu está próximo.»(Mt 4,17) Qual a CONVERSÃO, que precisaria fazer para me tornar manso, humilde e assim sentir que o Reino do céu está próximo, ao meu alcance? O céu não é apenas depois da morte, já pode começar aqui mesmo na terra, e o segredo está na aprendizagem de ser manso e humilde de coração. É uma constante aprendizagem e não é fácil.

 CONVERSÃO, converter, mudar de rumo. Reconheço que nem era humilde e muito menos manso de coração. Os mansos possuirão a terra, possuirão o lar; já não sabia como conduzir a minha família; perdi a autoridade, porque tinha perdido a humildade e mansidão.

            Era manso com os de fora...e perdia a mansidão, ao falar com minha esposa, com meus filhos; faltava-me aprendizagem. Só fala bem, quando se escuta melhor.  Aprender ouvir o outro, antes de falar, compreender a fala do outro sem condenar.

A mansidão precisa do treino da paciência, da escolha das palavras que não ofendem e criam laços de confiança. Quantas e quantas vezes magoei, machuquei minha esposa com minhas palavras; depois até me afastava dela, deixava de conversar criando assim um distanciamento desnecessário.

A mansidão vive abraçada com a humildade; ser humilde, saber ouvir a crítica da esposa; saber aceitar que errou e pedir desculpas. Saber pedir orientação, conselhos... No começo isso é difícil, mas é o único caminho para eu e minha família sentir que a casa já pode ser aqui na terra uma amostra do que é o céu.

Agora estou de “quarentena”, Ótimo tempo para aperfeiçoar a minha conversão e assim, não me tornar um doente grave, tornando-me mais manso e humilde nos relacionamentos familiares.

 

COVID-19

José Vanin Martins –Ago 2020

            Chegou o mau, a doença, o vírus e foi atropelando o sistema de saúde que revelou a sua fragilidade. Primeiramente quase todos assustados, comentam e tomam as devidas precauções; obedecem os “protocolos”; não se chamaram de regras, deram um nome mais pomposo e respeitoso: “protocolo”.

            Com tudo a gente se acostuma. Uns por necessidade profissional, os anjos brancos da saúde, médicos, técnicos, enfermeiros, outros por necessidade de sobrevivência, outros por “coragem”, desrespeitam os “protocolos”, são contaminados pelo vírus...e, fazem crescer o número de vítimas.

            Para impedir o avanço do vírus, tudo parou, indústria, comércio, só o essencial - (farmácia, supermercados e postos de combustível), turismo, clubes, futebol e outros jogos, consultórios, cirurgias, só as de emergências. Toda e qualquer aglomeração, nem mesmo as igrejas (religiões) foram poupadas.

Deus escuta o clamor que se eleva? Parece-me que neste momento até Deus se cala e nos relembra: «Cada um se converta dos seus maus caminhos e das maldades que costuma praticar, para continuarem morando na terra que dei a vocês e a seus antepassados, desde os tempos antigos e para sempre.” ^{(Jer 25,5)} Esses maus caminhos são: “porque vendem o justo por dinheiro e o necessitado por um par de sandálias; pisoteiam os fracos no chão e desviam o caminho dos pobres! Pai e filho dormem com a mesma jovem, profanando assim o meu nome santo. Diante de todos os altares eles se deitam sobre roupas penhoradas e no templo do seu deus bebem o vinho de juros.” ^{(Am 2,6-8)}

A pandemia do covid 19, não foi enviado por Deus; Deus é aquele que só manda o bem, tanto para os bons como para os maus” ^{(Mt 5 44-45)}. Por isso, é possível os maus prosperarem às custas das injustiças contra os empobrecidos, e às custas da omissão de todos que podem reagir e não reagem; às custas daqueles que fecham os olhos e “dizem que o mal é bem, e o bem é mal, dos que transformam as trevas em luz e a luz em trevas, dos que mudam o amargo em doce e o doce em amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e inteligentes diante de si mesmos! Ai dos que são fortes para beber vinho e valentes para misturar bebidas, dos que absolvem o injusto a troco de suborno e negam fazer justiça ao justo! ^{(Is 5,20-24)}

Agora é tempo das religiões oferecerem uma consciência crítica para seus membros e erguerem um clamor contra o desvio de verbas, da educação, da saúde, do saneamento básico, da ciência, do bem estar de todos. O DESVIO acontece com a despesa do exército, os altos salários, do legislativo, executivo, judicial, militar, dos funcionários da “elite” incluindo os jogadores, do lucro exorbitante de todos os capitais acumulados e, de todos os luxuosos templos, que precisam de muitos dízimos e ofertas.  

É possível criar uma nova humanidade mais justa e mais igual; foi por essa busca de oferecer vida em abundância para todos que Jesus morreu na cruz. Vamos continuar essa mesma luta, para minorar o sofrimento dos contaminados pela convid-19.

A DECISÃO DO PAI

 

A DECISÃO DO PAI

José Vanin Martins – Agosto – 2020

 

            DIA DOS PAIS me faz perceber que os casais estão tendo medo de terem filhos, ou prudência, segundo muitos dizem; na verdade em 2018 já se contabilizavam 79% de casais brasileiros com essa decisão. Com isso aumenta o número de idosos, deixando a sociedade mais triste, com menos vida.

            Por que esse medo? Segundo o imaginário criativo encontrado na Bíblia, até Deus se arrependeu de ter criado o homem, portanto, de ser pai; ^{(Gen 5,5-7)} Um grande amigo meu diz: “o homem é um projeto que não deu certo”, e eu corrijo dizendo: “que ainda não deu certo”.

            Para ser homem racional, inteligente e não robô, a liberdade é sua maior riqueza; liberdade de decidir, de escolher. Deus, como PAI, só nos imaginou seus filhos com o poder de decisão, de liberdade. Toda escolha acontece diante dos opostos: o bem ou o mal; a verdade ou a mentira; o perdão ou a vingança; a vida ou a morte; o amor ou o ódio. Toda livre escolha, seja boa ou má, traz consigo uma inevitável consequência da qual não se pode fugir. Foram as escolhas de Jesus pelo bem e pelo amor que o levaram à morte, ou melhor o levaram para a RESSURREIÇÃO, porque todo amor, é moeda de VIDA ETERNA.

            Na história da caminhada da humanidade a Bíblia vai nos mostrando as diferentes escolhas de famílias, dos pais de um povo que se considera chamado e guiado por Deus; tudo fica transparente, seus erros e seus acertos. Nessa história há um fio condutor mostrando que o bem, a verdade, o perdão, o respeito e o amor dão sentido da vida e se torna fonte de alegria e felicidade.

            Por que tanta dificuldade na escolha? A dificuldade vem da nossa liberdade pela ganância egoísta e desproporcional do ter e não do ser.

DEUS COMO PAI, quis partilhar com os casais essa difícil e nobre missão, para isso, nos enviou o seu próprio filho JESUS que revelou DEUS É AMOR e é somente no AMOR que nós nos realizamos. Amor que cria com o respeito, a unidade dos diferentes, marido e mulher e gera uma terceira pessoa, o filho, sempre diferente.

Ao casal MARIDO E MULHER, PAI E MÃE, cabe a mais bela das missões gerar vidas, aprendizes do amor. Agora está na responsabilidade de cada casal a decisão de continuar gerando vida do amor, o filho, maior de todos os valores e cada filho, sinta agradecido pelo tão valioso PRESENTE.

IMAGINÁRIO DE UM PAI

 

IMAGINÁRIO DE UM PAI

José Vanin Martins – Agosto 2020.

 

            Fui e sou filho, hoje sou pai e meus filhos já se tornaram pais e eu me tornei avô. Esse foi o caminho: meu pai, eu como filho, eu como pai, e agora vejo meus filhos, os pais de meus netos.

            Já tinha doze anos, em 16 de agosto de 1953, quando no Brasil, pela primeira vez aconteceu a celebração do dia dos pais; iniciativa de Sylvio Bhering, publicitário, diretor do Jornal o GLOBO e da Rádio Globo; finalidade social e comercial e em seguida a data ficou fixada no 2º^. Domingo de agosto. Só entrei nessa onda de celebração, depois de adulto.

            Como a maioria dos pais, tornei-me pai, já adulto e passei pelas fases dos 25 a 45 anos, 46 a 60 anos e hoje como idoso continuo e sempre serei pai, com a nova experiência de ser também avô. Como filho, nasci quando ainda não havia conflito de gerações. Como pai, vivi e vivo a crise do conflito entre muitas e diferentes gerações. Meus filhos nasceram dentro da geração X (anos 70 a 81...) e geração Y (fins de 80 e início dos 90) e os meus netos já fazem parte da geração Z (anos 2000) e da última geração considerada Alfa (a partir de 2010).

            Mas mesmo antes dessa classificação e divisão de gerações com seus conflitos, o pai de ontem como também o de hoje, são desafiados para educarem seus filhos. Não é fácil ser pai ou ser filho; o conflito parece existir desde que o mundo é mundo.

            Em todos os tempos, os pais assertivos, atenderam as seguintes exigências:

1.     Prover as necessidades dos filhos; (a. material para que tenham saúde; b. educacional para que tenham escolaridade; c. emocional para que tenham equilíbrio; d. espiritual para que tenham valores.

2.     Criar sentimento de pertença à família e a seus valores;

3.     Amar, criando sempre tempo de escuta; respeitar seus sentimentos;

4.     Indicar caminhos e valores;

5.     Estar atento aos limites de cada um e ouvir suas dificuldades;

6.     Incentivar a espiritualidade como luz para o caminho do bem;

7.     Valorizar suas conquistas;

8.     Dar liberdade de escolhas e responsabilidade pelas mesmas;

9.     Ser compassivo ao corrigir desvios de conduta, sempre com respeito;

10.  Lembrar sempre que o exemplo não é o melhor caminho, é o único caminho.

Hoje, cada vez mais cedo, os filhos vivem se socializando, seja pela mídia, seja pela experiência de pequenos grupos, onde a aprendizagem acontece pela embriagues grupal.

Não há um manual para ser pai; cada filho, em cada fase e em cada tempo, tem suas necessidades; Numa sociedade tão conflitiva, ser pai, exige a humildade da aprendizagem em grupo de pais, onde a troca de experiência possa acontecer de maneira consciente.

DANIELA NO CÉU

CHEGADA DA DANIELA NO CÉU

José Vanin Martins – Agosto de 2020

 

            A DANIELA, cheia de vida, já não aguentava mais, ficar trancada, isolada dentro de sua casa. Sentia necessidade de sair, de se comunicar e de voltar suas idas de madrugadas para o culto em sua Igreja.

            A DANIELA, cheia de vida, já tinha experimentado tudo de bom que existia aqui na terra; foi aventurosa, não temeu perigos, enfrentou o mal, casou, teve duas lindas e maravilhosas filhas que lhe deram quatro netos.

            A DANIELA, não se cansava; quando menos se esperava ela aparecia, sempre com sua alegria, maquiada, vestida como se fosse uma rainha, para vender as semi-jóias que ela mesmo criava; era uma verdadeira artista e ultimamente estava se revelando também escritora e poeta.

            A DANIELA, na sua última fase de vida, vivenciou uma forte espiritualidade; é como se tivesse uma overdose de Deus. Orava com a Bíblia, falava constantemente com Deus e queria ser missionária de Jesus.

            A DANIELA, tanto fez que acabou contraindo a covid 19. Ela mesma tomou a iniciativa de ir para o hospital; foi internada de imediato...mas, sua vontade maior era ir para o céu, para junto de Jesus; não queria sofrer e nem ver outros sofrendo. Não sofreu, depois de ter pedido perdão e arrependida de todo desamor, ficou sedada sem ter mais tempo para se despedir de alguém. 

            A DANIELA quando, voltou a si, passou pelo fogo da provação, e já se viu sentindo O AMOR INTENSO que existe na vida terna e eterna na ternura de JESUS. Agora face a face, com Jesus, seus anjos e santos, com todos os seus parentes vive a plenitude da vida, a vida em abundância. Já no céu goza a plenitude da alegria que tanto sonhou. A DANIELA foi ao encontro da verdadeira felicidade, do jeito que ninguém esperava.

CARTA DOS CINQUENTA E DOIS BISPOS DO BRASIL

CARTA AO POVO DE DEUS

REMETENTE: 152 BISPOS DO BRASIL

José Vanin Martins – julho 2020

 

                 Demorou, mas saiu. A CARTA AO POVO DE DEUS, faz uma séria crítica ao desgoverno do Presidente Jair Bolsonaro. No Brasil temos 481 bispos, sendo 169 eméritos, (bispos que se afastaram pela idade-75anos). Apenas 152 bispos assinaram a carta, sendo 22 eméritos. Não importa o número, o que importa é a clareza profética desses bispos. Não ficaram em cima do muro. Falaram em nome de um povo, cada vez mais sem vez e sem voz. É importante ler todo o documento. Faço um resumo.

DENUNCIAM:

1-     a omissão, apatia e rechaço pelos mais pobres, vulneráveis e excluidos da sociedade: os indígenas, quilombolas, ribeirinhas, as populações das periferias urbanas, dos cortiços e o povo que vive nas ruas, aos milhares, em todo o Brasil

2-     o descaso e raiva pela educação pública; erro na escolha dos ministros da educação com ideias obscurantistas;

3-     o uso do nome de Deus em vão, querendo justificar seus erros; utiliza da religião para manipular sentimentos e crenças, provocar divisões, difundir o ódio, criar tensões entre igrejas e seus líderes.

4-     o desprezo pelos direitos humanos;

5-     as mazelas e indiferença pela ação inescrupulosa de madeireiros, garimpeiros, mineradores, latifundiários; liberação de agrotóxicos antes proibidos;

6-     a indiferença pela saúde; já ocupamos um dos 1º^s lugares em número de infectados e mortos pela pandemia; até hoje temos um ministro de plantão provisório;

7-     as reformas trabalhista e previdenciária, precarizaram ainda mais a vida do povo;

8-     a manutenção insustentável da economia neoliberalista, que privilegia o monopólio de pequenos grupos poderosos e cria  uma sociedade estruturalmente desigual, injusta e violenta.

9-     a incapacidade e a incompetência, para coordenar suas ações, agravadas pelo fato de ele se colocar contra a ciência, contra estados, municípios e contra os poderes da República;

10- a aproximação do totalitarismo, apoiando e estimulando atos contra a democracia;

11- a flexibilização das leis de trânsito e do uso de armas de fogo pela população;

12- as suspeitas ações de comunicação, como as notícias falsas, que mobilizam uma massa de seguidores radicais;

13- o desprezo pela educação, cultura, saúde e pela diplomacia também nos estarrece.

14- a brutal descontinuidade da destinação de recursos para as políticas públicas no campo da alimentação, educação, moradia e geração de renda.

Os bispos de sua diocese assinaram esse documento? Você assinaria?