CONVERSANDO
2. O
TRANSTORNO FAMILIAR
Não tem jeito. A família, toda família tem dificuldade de
“lidar” com a pessoa adita. Todos aceitam que a doença é comportamental. Costumamos dizer que o adito só muda de endereço,
são todos iguais.
A família, normalmente é a última a aceitar que o filho está
usando “droga”. Todo mundo vê, tudo está muito claro..., mas é difícil aceitar
que logo em casa isto veio acontecer. No começo querem esconder à sete chaves o
que não dá mais para esconder.
O adito de modo geral tem um comportamento semelhante:
Mentiras seguidamente
Desmazelo (pessoal e
em seu ambiente)
Irritabilidade e
agressividade
Impulsividade
Relaxamento da ética
(rouba, etc)
Arrogância e
prepotência
|
Não cumprimento de
compromissos
Apatia amotivacional
Desinteresse por tudo
que não diz respeito à droga
Instabilidade afetiva
Alteração do padrão do
sono
Alteração
do padrão alimentar
|
Vem a primeira negação da família, isto é passageiro, é
próprio da idade... e, a idade avança e o problema se agrava. O colégio não
aceita mais o filho... ou, o próprio filho não aceita mais o colégio. É hora
dos pais negarem mais uma vez: culpam os colegas do colégio; quem sabe mudando
para um colégio mais fraco o problema
desapareça. É mais uma tentativa frustrada.
A ousadia do filho cresce. Sem autorização e muitas vezes
sem carteira sente-se no direito de dirigir o carro da família. Acontece a primeira inflação civil. Os pais
são obrigados a irem até a delegacia.
Constrangimento. Chamada de atenção. Promessas arrependidas.... e tudo
continua na mesma.
Como é difícil abrir os olhos. Vamos continuar a conversa?
CONVERSANDO
3-
AINDA
A FALA DA
CIÊNCIA
Os profissionais da área da dependência química
afirmam que a doença da dependência química é primária, crônica, progressiva e
milionária e, explicam:
É primária, a pessoa já nasce com a
predisposição para o uso e dependência; pode acarretar e acentuar outras
comorbidades, mas normalmente ela vem por primeiro.
É crônica,
ela não tem cura; mas pode ser controlada como o diabete. Quando o dependente
químico aceita a doença e busca a recuperação ele se torna uma pessoa
maravilhosa.
É
progressiva, quando não tratada só avança e costuma-se dizer que o fim do
dependente químico é a cadeia ou o cemitério.... e, aí estão as estatísticas
comprovando.
É milionária,
o dependente químico deixa se encantar pelo som da sereia dos traficantes,
que ele vai logo ficar rico. Estudos afirmam que o tráfico de drogas já se
tornou o segundo orçamento mundial, perdendo apenas para o armamento.
Diante deste quadro a família que tem um doente
dependente químico deve tomar todas as precauções. Perder a vergonha; trata-se
de um doente que precisa de tratamento. É dever do estado oferecer este
tratamento.
A sociedade civil ainda está ingênua diante da
realidade. Fecha os olhos para não ver que o álcool, a “cervejinha” é
normalmente a porta de entrada para todas as demais drogas. “Cervejinha” é
droga que mais mata e mais pesa à saúde pública. E, quando não mata, deixa
quantos e quantos paralíticos e outras seqüelas.
A propaganda ostensiva para o uso, não se ofusca,
com a tímida advertência: “beba com moderação”. O que é moderação? Pode variar de organismo para organismo...
mas, o jovem na alegria da balada, no incentivo dos colegas, cada vez mais cedo
está sendo iniciado na dependência química.
E quando esta iniciação ao uso da droga começa
dentro de casa? Vamos continuar a
conversa?
CONVERSANDO
4-
AMANDO O
DEPENDENTE QUÍMICO
Há ainda uma outra
maneira de enfocar a doença do dependente químico. Trata-se de uma doença: bio, psico, sócio e espiritual.
É bio, a pessoa já nasce com esta predisposição; pode
ser hereditária.
É psico, a pessoa traz consigo um
profundo vazio vivencial; na falta de outras propostas de vida, numa sociedade
sem valores e a família sem a percepção
do estado emocional pouco lhe sabe oferecer.
É sócio, onde há um dependente químico,
normalmente, há cinco pessoas atingidas pelo seu modo doentio de viver.
É espiritual, a pessoa normalmente está
desamparada de uma prática espiritual que lhe ofereça os valores espirituais
que dão o ânimo para enfrentar as dificuldades e a dor do viver.
O adito, pessoa portadora
da doença química, é uma pessoa normal,
capaz, quase sempre muito inteligente,
uns tímidos demais, outros audazes
demais, portador de um relacionamento
bastante difícil.
Muitos deles já são portadores do TDAH = (transtorno de
déficit de atenção e hiperatividade). Outros com o uso podem acabar
desenvolvendo outras comorbidades, como a esquizofrenia, principalmente no caso da
maconha.
Todos eles, com o
apoio da medicina, da terapia, dos grupos de auto ajuda, da espiritualidade e o apoio especial da família, podem encontrar uma vida saudável e de qualidade,
libertando-se da dependência química.
Qual é este apoio da
família? Vamos continuar a conversa?
CONVERSANDO
5. O
PAPEL DA FAMILIA NO TRATAMENTO DO DEPENDENTE QUÍMICO.
Considero
fundamental o papel da família no tratamento do dependente químico. Quase todos os estudiosos afirmam que atrás
de um doente químico há sempre um co-dependente,
ou muitos codependentes.
Existe
a doença da dependência química e a doença da co-dependência que é a doença de muitos que convivem com o
dependente. O co-dependente é portador de um grande
sentimento de culpa que o imobiliza de qualquer tomada de atitude saudável. Ele se torna o grande facilitador para
que os hábitos disfuncionais do
dependente se acentue e o consumo da droga aumente.
O
co-dependente confunde amor com amorosidade e facilitação. Ele acredita-se super poderoso para exigir
que o dependente deixe de usar a droga. Usa de todos os meios para exercer a
influência... só, que são meios errados. Ele se deixa levar pelas sábias
manipulações do dependente e chega ao ponto de concorrer com o dependente
querendo fazer chantagens e também manipulações... só, que sempre perde.
Quando
se sente vencido o co-dependente ora se faz de vítima ora se faz de prepotente
e usa até de violência. Nada
resolve. Acaba tornando-se muleta do
dependente químico e assumindo as conseqüências de seus atos ilícitos, tais como: pagar as dívidas,
pagar os consertos de veículos, pagar
fiança, etc...
E,
o que fazer então? O co-dependente
também precisa de um apoio para sair desta situação e ajudar o dependente
químico. Muitas vezes, já está estafado
e precisa do psiquiatra e do psicólogo. Outro apoio importante sãos os grupos
de auto e mútua ajuda: (alanon, naranon, amor-exigente, nata, cerea, aja,
pastoral da sobriedade) e, outros...
Nos
grupos de auto e mútua ajuda aprenderão como trabalhar com o doente. É um
trabalho profundo, difícil e a longo
prazo, mas dá resultado.
Tem
que deixar de lado o orgulho, a falta de tempo e se envolver na busca de um
tratamento, antes que seja tarde demais.
Vamos
continuar a conversa?
CONVERSANDO
6.
AMAR É EDUCAR PARA A LIBERDADE.
Embora
haja muitos cursos para noivos, todos eles não podem prever a realidade que
cada casal vai vivenciar. Nenhum filho nasce com o manual de orientação. É no
dia a dia que todos crescem: pais e filhos.
No
início quantas e quantas vezes, achei graça das coisas erradas que meu filho
pequeno fazia... considerei sinal de esperteza e sabedoria. O filho cresceu e
inconscientemente sentiu-se aprovado em seus erros. Aumentou minha falta de tempo para acompanhar
o crescimento de meus filhos. A preocupação maior era trabalhar para ter e dar
o conforto para a família.
Não
tocava na conversação familiar, nos poucos momentos que me sobrava para educar
meus filhos, em temas de respeito, humildade, obediência, trabalho, cooperação,
generosidade, honestidade, responsabilidade, solidariedade... Para mim seria
tão natural, tão comum e necessária, a vivência destes valores que dispensaria
qualquer consideração.
No
dia a dia a sociedade da mídia está dando que exemplos? A casa é um laboratório
de educação?... ou um espaço de mordomia onde, cada um, de maneira individualista
e egoísta é bombardeado pela mídia com seus valores luminosos, prazerosos,
transitórios, competitivos e supérfluos onde vence quem é mais belo, mais competitivo,
mais rico e mais esperto. É este modelo de liberdade que furtivamente vai entrando
em muitas casas.
Esqueci-me
de uma lição básica da educação: a criança precisa aprender; ninguém nasce
sabendo e o exemplo continua sendo, não a melhor lição, mas, a única lição
indispensável.
Cometi
um pequeno engano, eduquei para a libertinagem, e este ambiente é favorável
para o desenvolvimento da doença da dependência química, e não para a
liberdade. Tornei minha família
disfuncional.
Vamos
continuar a conversa?
CONVERSANDO
7.
FAMÍLIA DISFUNCIONAL.
A
primeira vez que ouvi esta palavra ela não me soou bem. Perguntei-me: o que
seria uma família funcional? Será que
ela existe? Tornaria minha família um motor,
uma máquina para ser passível de uma regulagem? O que faz a família regular
bem?
Assim
como as diferentes peças do motor, da máquina como um todo, devem estar num
constante relacionamento de harmonia para um perfeito funcionamento...; assim
também seria a família? A grande diferença é que a máquina é simples e unicamente
mecânica e a família não é.
A
família é formada, primeiramente de um casal (homem e mulher) pessoas livres
que fizeram um contrato de bem se relacionarem, por amor na alegria e tristeza,
na saúde e doença, na riqueza e pobreza... e, este contrato não é um
funcionamento mecânico. É um processo
construtivo e interminável de relacionamento;
cada dia pode ser aperfeiçoado ou avariado, danificado, prejudicado.
Quando falha o relacionamento começa a disfuncionalidade familiar. Normalmente
acontece primeiramente com o casal e atinge os filhos nascidos deste contrato.
Família
disfuncional é aquela que não sabe construir relacionamentos sadios, onde o diálogo
transparente, o respeito, a liberdade e o perdão são o alicerce do amor.
Quando
sei construir vida à dois é mais fácil construir vida à três, à quatro...; o
casal que aprende falar de maneira respeitosa e leva em consideração as emoções
do outro saberá falar a mesma linguagem para os filhos e compreender suas
emoções. O relacionamento exige aprendizagem das duas partes; dispensa a
imposição e exercita a audição. Ouvir o outro em seus sentimentos e
necessidades discernindo com sabedoria o que pode fortalecer o amor.
Num
ambiente familiar funcional, com todas as suas debilidades, o que prevalecerá é
o querer fazer o outro feliz e isto não significa facilitação e sim fé,
confiança na honestidade do outro. Aí não haverá espaço para desenvolver a
dependêmcia química.
Vamos continuar a conversa?
CONVERSANDO
8.
OS VALORES CULTURAIS QUE ALIMENTAM MINHA FAMÍLIA.
A
palavra chave é relacionamento. Ninguém vive sem se relacionar. Nasci fruto de
um relacionamento. Trago em minha vida o DNA de meus pais. Mais ainda, sou marcado
em minha vida pelo exemplo de minha família e recebi igualmente toda a
influência do meio social no qual minha família vive. Trago as raízes que me
alimentam, as raízes culturais. Idéias, valores, conhecimentos, tudo isto,
forma a sementeira, a raiz cultural que me foi e ainda é hoje é plantada.
O
meu pensar, o meu sentir e o meu agir são manifestações das idéias que me foram
plantadas e por mim cultivadas. Tenho o meu querer soberano. Adulto, torno-me
quando sou capaz de escolher minhas próprias sementes, minhas próprias idéias
que se tornam o fundamento do meu sentir e agir.
Quando
o filho é pequeno, como pai, torno-me responsável pelas sementes de idéias que
estão sendo plantadas e cultivadas no seu coração. A quem deixo a responsabilidade
de educar meus filhos? Filho, precisa ser educado ou apenas instruído? A escola é responsável pela instrução, pelo
conhecimento e também pela educação? Ponho meu filho numa boa escola para abrir
mãos da minha responsabilidade?
Quantas
e quantas vezes esqueci, que antes da escola, já tinha colocado dentro de casa
a TV, a internet e toda parafernália moderna que se tornou a principal “educadora” de meu filho! O pior de todos os exemplos foi a ausência
de todo e qualquer valor espiritual dentro de minha família. Por que tantos
questionamentos diante da proliferação da praga que alimenta a dependência
química?!
Vamos
continuar a conversa?
CONVERSANDO
9.
A DROGA É BELA, SABOROSA E
PODEROSA.
A
DROGA tem uma poderosa aliada: a propaganda.
Veja quantos e quantos minutos por dia são dedicados à propaganda do
álcool na sua melhor apresentação: a
cervejinha. A criança cresce e não vê a hora de ficar grande para
apreciá-la. Quantas vezes, nem precisa
ficar grande, porque o cerimonial da iniciação acontece dentro de casa.
A
PROPAGANDA (de maneira ingênua) já teve
início nas histórias infantis: de POPEYE (espinafre); TIA ANASTÁCIA (o pó
pirlimpipim); ASTERIX (poção mágica)... e continua hoje por todos os meios: JORNAIS.
REVISTAS RÁDIO E TV....afirmando que existe uma bebida que traz a força, a
esperteza, a felicidade, a alegria e não há festa sem ela. Antes existia também a propaganda dos cigarros.
A bebida serve para todas as ocasiões: na alegria, bebo; no frio, bebo; no calor,
bebo; na tristeza, bebo; na vitória,
bebo; na derrota, bebo; na depressão,
bebo; na solidão, bebo, no grupo de amigos, bebo; até no velório bebo... e, por
que bebo? PORQUE SIM, já diz a propaganda de uma delas, nem sei mais porque
bebo, bebo porque todos bebem e não me ensinaram festejar sem ela.
As “autoridades”
contentam-se com a grande medida educativa das propagandas: “BEBA COM
MODERAÇÃO”. Com isto não diminui o
prejuízo que a bebida traz para o país:
a indústria do álcool movimenta 3,5% do PIB e o país gasta 7,3% do PIB
para tratar dos problemas provocados pelo álcool que incluem desde a perda da
produtividade até o tratamento dos dependentes.
Alguns pais consideram até normal e apóiam os porres
que acontecem em festas de formatura. Não
imaginam que é a partir desta festa que seus filhos começam o triste destino da dependência
química. São ingênuos por não acreditarem na maldade de alguns que colocam
outras drogas na bebida para adquirem um novo cliente no consumo das drogas
ilícitas. Existe saída?
Vamos
continuar a conversa?
CONVERSANDO
10.
A DROGA LÍCITA OU ILÍCITA É
SEMPRE MÁGICA.
A
DROGA tem uma OUTRA poderosa aliada: O MEDO DA DOR. A cultura semeou o prêmio para os fortes e
competentes e passa como um trator por cima dos fracos.
A cultura só agora está acordando para a
educação respeitosa do emocional. Para não conviver com o mal estar, com a
depressão, com a dor de cabeça, para tudo tem um jeito: “a farmacinha” da família. Lá
se encontra todos os comprimidos milagrosos. As propagandas descaradamente
educam para o excesso da comida e bebida porque depois existe o remédio
apropriado para eliminar o mal estar.
Os
filhos crescem sem serem ouvidos e atendidos em todas as suas necessidades com
o milagre dos medicamentos. Para que consulta médica? Para que receita?... e/ou ainda encontram
alguns médicos, que deixando de considerar o lado emocional, tornam-se
simplesmente “agentes categorizados” dos
laboratórios para vender receitas?!
Viver
dói e crescer dói mais ainda. É por este
motivo que Jesus, em sua sabedoria, falou da poda necessária para o
crescimento; falou da necessidade da
obediência ao Pai e deu o exemplo, João 15,1-10. A minha missão educadora é colaborar para que
meus filhos produzam frutos verdadeiros e que estes frutos permaneçam. Educar é
tirar de dentro de cada filho o que ele tem de melhor. Isto exige conhecimento
do filho, tempo para o filho e confiança no filho.
Mais
que ensinar o filho beber e dar exemplo de bebida em casa a missão dos pais é
ensinar o filho enfrentar as dificuldades, a superar o momento de dor e
oferecer a auto estima, o melhor de todos os medicamentos para o crescimento.
Filho
preparado com amor e respeito para enfrentar as dificuldades da vida mais
facilmente vencerá a tentação do mais fácil, mais prazeroso e saberá usar com
sobriedade tudo que lhe for oferecido e
dizer não para qualquer droga.
Vamos
continuar a conversa?
CONVERSANDO
11-
O QUE PENSAMOS
O pensamento
é a sementeira que gera emoções e ações.
Nem sempre estou atento às sementes que estão sendo lançadas e
cultivadas. Quando percebo já estou
agindo, muitas vezes até contra os meus princípios, porque fiquei desatento às
ervas daninhas que foram semeadas. Sim, há pensamentos, idéias disseminadas
criando raízes junto às minhas “convicções”...
Ou, os meus princípios e convicções foram abalados por outras
“verdades”?!
O
lavrador que lança semente de amendoim ou feijão espera colher o que plantou;
sempre atento, procura arrancar alguma erva daninha que possa prejudicar a
produção desejada. Assim também acontece com cada um de nós: devo estar atento se
outras idéias diferentes da minha estão sendo inteligentemente semeadas.
A
nossa cultura é semeada por muitas idéias que a mídia semeia continuadamente.
De tanta propaganda acabo sendo cooptado por elas; adquiro hábitos, aprecio
marcas, aceito atitudes que me tornam naturais de tão bombardeado que sou.
Uma
das práticas que mais se tornou comum, é o uso da “cervejinha” em todas as
festas, celebrações, comemorações, situações; até tornou-se cultura
nacional. A propaganda é tão
avassaladora, que nem mesmo a advertência: “beba com moderação”, surte efeito. O que fica no inconsciente, é o BEBA com moderação, e a moderação, ora
a moderação....
A
alegria verdadeira, quando nasce do coração em festa, dispensa a muleta de
qualquer cervejinha e/ou outra bebida lícita, para a sua explosão. Já participei de muitas e muitas festas, celebradas
com refrigerantes, sucos industrializados ou sucos naturais, os mais variados
possíveis, trazendo o sabor da criatividade.
Confesso que nestas festas encontrei a beleza da sobriedade enaltecendo
ainda mais a explosão da alegria. A
cultura da sobriedade é a criação de um nova cultura, nascida da sabedoria e da
qualidade de vida.
Vamos
continuar a conversa?
CONVERSANDO
12.
O QUE QUEREMOS
Sou
soberano. Decido o que quero. Tenho meu livre arbítrio... E há uma afirmação
que o homem é fruto de seu meio. Há até
um ditado: “diga-me com quem andas e direi quem és”. Difícil a missão dos pais educadores:
educarem seus filhos para que sejam autônomos e firmes em suas escolhas e
capazes de escolherem sempre o melhor. Como escolher o melhor em meio a um
ambiente facilitador, provocador de atitudes irresponsáveis?
Nem mesmo a lei que exige se for
dirigir, abstinência zero do álcool
é respeitada... E o desrespeito, muitas vezes começa com os adultos da
família. Como o jovem educando vai
entender os “conselhos” dos pais? O álcool e cigarro são drogas lícitas que
mais matam e, as que mais estão dentro das casas. Estamos “entorpecidos” com a cultura do BEBA
a tal ponto que as estatísticas de mortes causadas pela bebida não nos
assusta. Isto só acontece com o vizinho,
aceitamos o desafio.
Começo desrespeitando a lei que incomoda
meus vícios. Posso exigir a credibilidade no respeito às outras leis? Há uma crise de autoridade. Os pais não
mandam mais em seus filhos. Assim como nós, eles seguindo nosso exemplo,
encontram a dificuldade de obedecer.
Obedecer, o que? Quando?
Muitas vezes ainda nos orgulhamos do
jeitinho que o brasileiro sabe dar para desobedecer às leis. Ora, nossos filhos são muito mais inteligentes,
espertos e capazes de nos manipular e desafiarem as leis.
Vamos continuar a conversa?
CONVERSANDO
13.
O QUE CELEBRAMOS.
Celebro,
exalto, louvo, comemoro: nascimentos, aniversários, contratos, vitórias,
méritos... Com festa e/ ou com um rito religioso. Celebrar a vida. Toda vida é uma dádiva a ser
festejada. Nada pode passar esquecido.
Ontem
as comemorações aconteciam mais, quando havia algum motivo, alguma data especial. O domingo era um dia quase que “oficial” para
isto. A vestimenta era de festa.
Depois,
antecipou-se para o sábado, veio para as noites de sextas feiras e como para
muitos o trabalho acontece também no domingo, todo e qualquer dia de folga,
torna-se dia de festa, dia de celebração.
A
cultura da bebida trabalhou bem a idéia de: “hoje é sexta feira”: Hoje é
sexta-feira. - Chega de canseira / Nada
de tristeza / Pega uma cerveja / Põe na minha mesa. - Hoje é sexta-feira / Traga
mais cerveja / To de saco cheio / To prá lá do meio / Da minha cabeça. - Chega de aluguel / Chega de patrão / O
coração no céu / E o sol no coração / Prá tanta solidão. / Cerveja cerveja
cerveja cerveja cerveja Cerveja.” (Composição de César Augusto e
César Rossini).
Sair
pela cidade, agora, não mais só nas sextas feiras, em qualquer dia da semana,
andar à noite, pelos bares da vida é ver um mundo todo celebrando a vida ou a irresponsabilidade
do viver?! A cerveja tornou-se a “poção
mágica” que resolve todos os problemas.
Visitem
os campos universitários e adjacências e vejam como os bares fazem concorrência
às presenças em salas de aulas. Visitem
os bares perto das escolas de ensino médio e vejam como os alunos aprendem
facilmente a lição de “beber com moderação”.
Com
esta cultura da facilitação à bebida, os pais, muitos pais, terão pouco para
celebrar. Muitos ficarão se indagando onde foi que errei, na hora que o filho
manifestar sua dependência, não mais às drogas lícitas e sim às drogas
ilícitas.
A
cultura do “beber com moderação” agradece sensibilizada o aumento do consumo.
Vamos
continuar a conversa?
CONVERSANDO
14.
CELEBRANDO OS VALORES
Ainda
em alguns meios rurais celebra-se a festa da colheita. É a alegria de ver os
resultados de tanto trabalho, cuidados,
suor e investimentos. Ainda hoje muitos
pais celebram a colheita do filho
diplomado. Foram anos de trabalho, de responsabilidade, de sacrifício das
noites indormidas e dos fins de semana dedicados ao estudo. Creio que seja exceção os que tiram diploma
sem o sacrifício dos estudos e apenas com o merecimento da esperteza ou da
compra do diploma.
O
mérito de vencer na vida como resultado da educação recebida e aplicada deve
ser celebrado.
Os
valores, sempre estão em alta. O valor da obediência, do respeito, da
organização, do trabalho, da cooperação, dos limites, da generosidade, da
solidariedade, da espiritualidade, da leitura,... E, tantos outros valores.
Todos são como que raízes, sólidas que justificam a firmeza que não deixa o
filho cair diante dos difíceis obstáculos da vida. Os valores formam a pessoa para a vida com
suas dificuldades e dor. Viver dói. Viver não é só festa... A festa acontece
depois do trabalho e dos resultados do trabalho.
Só
no dicionário é que o prêmio e o salário vêm antes do trabalho. Os pais que costumam premiar os filhos antes
do resultado estão tornando-se facilitadores do caminho que leva à dependência
química.
Os
valores não nascem ao acaso. Precisam ser plantados, trabalhados e vigiados. Há
muitos “desvalores” semeados pela cultura da irresponsabilidade que ameaçam seu
crescimento desafiando os valores. Por que trabalhar, se sendo esperto é mais
fácil e rápido para se conseguir dinheiro?
Por que ser honesto se os grandes corruptos continuam soltos e sem
castigo? Por que ser preso, se com o pagamento
da “fiança” é comprada a liberdade? Por
que fazer pesquisa, estudar, se na internet já está tudo pronto, sem nada me
exigir? Por que não passar a noite
acordado, se no outro dia, um simples atestado médico, justifica minha falta?
Não posso deixar-me enganar, nem
enganar meus filhos: o mal, a droga, a preguiça sempre estão acompanhados do
prazeroso, do colorido, do facilitado e é atraente para a vida... O resultado
será desastroso, ao longo do tempo e poderá ser tarde demais.
Vamos continuar a conversa?
CONVERSANDO
15.
A COLHEITA DA INÉRCIA
Existe
terra improdutiva? Até o deserto, os judeus transformaram em terras
produtivas. O ditado é antigo: “cabeça
vazia é a oficina do diabo”. O nosso
cérebro vive constantemente “antenado” com os acontecimentos, os ensinamentos e
vai gravando tudo. Vai aceitando as sementes que são lançadas. A criança não nasce sabendo, mas não é uma
terra improdutiva. Tudo precisa ser ensinado e ela é capas de tudo aprender... E,
todas as idéias que estão sendo semeadas, os exemplos que estão sendo dados,
vão criando raízes e vão se tornando e transformando na cultura atual. Elas
mais que esponjas perfeitas chupam, enxugam tudo que está ao seu alcance.
Quando
vejo as mesas dos bares cheias de bebida alcoólica, a famosa cervejinha e junto
delas os pais acompanhados de seus filhos menores fico a pensar na cultura que
está sendo criada esta nova geração. E esta cena se repete nas celebrações e
festas familiares.
Estes
mesmos pais reúnem com a família, em torno da mesa, para conversar com seus
filhos sobre os valores da vida? Contam
histórias para seus filhos menores? Fazem um culto do lar? Participam de alguma atividade solidária
envolvendo toda a família? Participam de
algum culto numa Igreja? Vão às reuniões
promovidas pela escola? Estão presentes
na vida de seus filhos quando participam de algum esporte? De algum teatro? De alguma outra atividade
cultural? Assiste com seus filhos algum programa de TV e sabe dialogar em torno
de seu conteúdo? Fazendo tudo isto, não
é garantia de imunidade às drogas... e, se não fizer?
Qual
lembrança marcante que meu filho levará da minha presença pai/mãe em sua vida?
Há
muitos filhos, padecendo a dependência química, com um grande vazio na
vida. A alegria dos bares e festas,
regada ao álcool, não foi suficiente para dar o valor do sentido da vida. A vida é algo mais precioso. Não é apenas sobrecarregar-se de trabalho ou
estudos e desafogar a ansiedade e frustrações em torno de uma garrafa. Jesus
nos adverte, com um lembrete simbólico, porém, significativo, depois da bebedeira
é que chega a desgraça: “... Porque, nos dias antes do dilúvio todos comiam e
bebiam, casavam-se e davam-se em casamento...” Lc.
24,38.
A
cultura e seus valores é obra de nossa criação.
Vamos
continuar a conversa?
CONVERSANDO
16.
A CULTURA DA PAZ QUE BUSCAMOS
Na calada
da noite, preferencialmente no esquecido das periferias, a pessoa humana é o
alvo certeiro da bala mortal. Famílias
enlutadas a quem pedir socorro? Os candidatos de plantão anunciam o fim da
violência prometendo aumento de verba para a repressão e a antecipação da idade
penal para condenar jovens a partir dos 16 anos.
Só neste
final de semana (21/9) a TV ANHANGUERA, segunda feira, noticia que foram 16
assassinatos. É tempo de guerra. Quem mata quem? As escolas do crime, agência
penitenciaria, presídios, cadeias, todos superlotados. Nada de ressocialização;
primeiramente matam nos presos qualquer esperança de reeducação e quando
devolvidos à sociedade, saem graduados na criminalidade. Dentro e fora das prisões, a prisão das
drogas, tão ou mais terrível que todo o sistema penitenciário brasileiro.
Como
cooperar para mudar este quadro? Investindo na segurança ou na educação?
Investindo em forças tarefas ou investindo em programas e projetos de paz?
Diante do caos toda medida de apoio é bem vinda. É preciso a busca de
prioridades para a paz sem o acréscimo de mais violência.
A maioria
das famílias, vítima destas violências precisam de um grupo de apoio. Neste
domingo a partir das 08h00 mulheres e famílias de diferentes movimentos sairão
em CAMINHADA silenciosa clamando pela paz. O clamor do silêncio. Adianta
gritar? Nesta caminhada estarão presentes muitas mães que perderam seus filhos
para o mundo das drogas. Há muitos traficantes de colarinho branco aplaudindo.
Eles sabem que o poder público tem outros interesses.
Criou-se
o chavão: “bandido bom é bandido morto”. Os olhos, ouvidos, boca e coração
estão tapados para a criatividade de novas iniciativas em favor da paz. Eles
querem a paz da impunidade, da irresponsabilidade, da opressão, que juntas criam
a sociedade dos excluídos. Entre os excluídos não se encontram pessoas de bens;
as pessoas de bens estão normalmente do outro lado.
O orgulho
é colocar um efetivo maior de policiais na rua. Trará a segurança? Trará a cultura da paz? O orgulho encobre a má
educação, o sistema de saúde que não funciona, o transporte que sufoca, a
distribuição de renda que não meche com o sistema financeiro e capitalista. O
orgulho mostra as migalhas de algumas benfeitorias na esperança de votos. Eles ainda
precisam do voto para se perpetuar na opressão.
Vamos
respeitar o silêncio da caminhada. O seu silêncio pode se tornar o grito dos
corações oprimidos.
Vamos
continuar a conversa?
CONVERSANDO
17. COOPERAÇÃO É TERAPIA DE PREVENÇÃO.
Aumenta
no dia a dia pais com dificuldades na área da educação. Já não sabem o que
fazer com os filhos escravos da mais nova, lícita, fantasiosa, desafiadora,
colorida, iluminada, sonora DROGA DA INFORMÁTICA. É uma droga lícita que nós introduzimos
dentro de casa e depois não sabemos o que fazer dela. É um mal necessário?
Pode-se viver sem esta poderosa droga?
Aprendemos que tudo que é demais empanturra.
Na
Bíblia o Eclesiastes 3,1 traz a verdadeira sabedoria: “ Debaixo do céu há
momento para tudo, e tempo certo para cada coisa”.
Na
primeira infância é tempo mais precioso para criar na criança os valores da
vida. O valor e a beleza da cooperação e gratuidade; ensinarem o valor dos limites e da
disciplina, ensinando que há tempo para tudo;
brincarem com os filhos dando asas a toda criatividade; exercitarem a
prática do amor, do carinho, do toque e do perdão; darem exemplo de obediência a um Ser
Superior, Deus Pai de bondade, vivenciando uma verdadeira espiritualidade. Isto
fazendo estão educando a criança para um relacionamento emocional sadio.
A
criança deve crescer sabendo cuidar e guardar seus objetos; cooperar colocando
na hora das refeições o guardanapo... e, na medida em que for crescendo os
demais pratos e talheres na mesa;
cooperar auxiliando pouco a pouco na lavação daquilo que sujou para as
refeições; cooperar não criando a poluição sonora respeitando o direito do
outro; cooperar aceitando as regras dos jogos infantis.
São
pequenas sementes para o nascimento de uma nova cultura de paz, alegria,
cooperação, autonomia com responsabilidade e solidariedade.
E
o que fazer com os filhos crescidos numa outra cultura? Paciência, criatividade e ousadia. Este é o
caminho. Sempre é tempo de aprender. Os filhos percebam e sintam que somos
eternos aprendizes. Nunca somos seres acabados. A vida é a nossa mestra e os
malefícios de uma educação vazia de valores estão nas páginas policiais de
todos os dias. É tempo de mudança. Vamos
começar agora.
Vamos
continuar a conversa?
CONVERSANDO
18. COOPERAÇÃO EXIGE SABEDORIA
Quando
fico atento e observo descubro facilmente que o mundo é uma grande malha de
colaboração. Ninguém vive só. Tudo respira cooperação. Atrás de cada ação que
realizo estão dezenas de pessoas que colaboraram. O sabonete, a escova, pasta de dente, a pia, o vazo sanitário, o
papel higiênico, o material hidráulico e o espelho, o pente, a água, a toalha,
a energia elétrica, tudo isto já soma pelo menos 12 colaboradores, sem contar o
comerciante, o transporte e...
Não dá
para viver só; preciso da moradia, do vestuário, do calçado, do alimento, do
carro, da calçada, do asfalto, tudo pronto para o meu uso. E quando fico
doente? Médico, farmacêutico, enfermeiros, remédios, estrutura hospitalar se
necessário for.
Direta ou
indiretamente acabo relacionando-me com todas as pessoas que estão nesta cadeia
da minha manutenção. Ser e permanecer vivo exige que me relacione com tanta
gente.
Para todo
este relacionamento fluir são necessárias as leis que estabelecem a ordem e
criam os serviços e funções necessárias.
Ainda não
foi criada a “poção mágica” que me dispensa dos relacionamentos; seria a morte
e, mesmo morrendo pessoas se ocuparão de meu sepultamento; meu corpo inerte
está dependendo dos últimos cuidados.
Tudo
isto, simplesmente para dizer a COOPERAÇÃO é indispensável. Tão simples, tão
corriqueira, tão necessária que deveria ser espontânea e fundamental a sua
aprendizagem no laboratório da família, desde a primeira infância. O grande mal
da sociedade é que esta aprendizagem em nome de uma falsa cultura está sendo abortada no seu início. As crianças
quando naturalmente manifestam seu desejo de cooperar são deseducadas e
proibidas desta prática tão rica e necessária.
A
educação para a cooperação nos trabalhos de casa deve ser a primeira e
fundamental lição de toda família. Quem aprende trabalhar mais facilmente
aprende estudar.
Já diz o
velho ditado: “mente vazia é a oficina do diabo”. A mente quando ocupada na
cooperação das pequenas necessidades de casa e despertada para perceber a
grande orquestra de cooperação na qual todos vivem terá mais facilidade no seu
relacionamento emocional.
Vamos
continuar a conversa?
CONVERSANDO
19. COOPERAÇÃO EXIGE APRENDIZAGEM
O Brasil
tem pouco a se orgulhar no “ranking internacional de generosidade, mensurado
pela Charities Aid Foundation, CAF, com sede no Reino Unido, em parceria com o
Instituto Gallup, o Brasil ficou em 76º lugar no ano de 2010 quando a Austrália
e Nova Zelândia empataram em primeiro lugar,... e em 2012 Brasil caiu para 83º
lugar.”.
Quem não
aprende cooperar com a casa vai ter muita dificuldade em cooperar com a
sociedade. Quando algo não funciona dentro de casa, a mãe é culpada. Quando
algo não funciona na sociedade o governo é o culpado. Em todo o lugar que o
julgamento indica a existência de um culpado, todos se tornam vítimas e ninguém
precisa cooperar.
Vivemos a
crise da epidemia das drogas. Em se tratando de uma epidemia, todos devem
cooperar e agir... mas, esta atitude não está acontecendo. Já existem
estatísticas indicando que os universitários são a parcela da população que
mais consome droga. Quando o Brasil pensante de amanhã fica usuário de drogas
hoje, como será o dia de amanhã? Com
quem poderemos contar?
É urgente
que a cultura da cooperação seja implementada a partir de cada família para que
na soma do esforço de cada um, ainda seja possível sonhar um novo Brasil
amanhã.
A
cooperação é a expressão prática do amor às pessoas, às causas, enfim à sociedade.
A cooperação pode ser indicada no tratamento da depressão, do vazio da vida,
das fugas irresponsáveis e de tantos outros males. Há muitas causas nobres a
espera de cooperação. Creches, hospitais, em particular o hospital do câncer,
asilos, comunidades terapêuticas, grupos de idosos, associação dos ostomizados
e outras mais, os sindicatos, as associações de classe, as organizações
esportivas, a pastoral das crianças e tantas outras... Os jovens que crescem
cooperando encontram o sentido da vida e se tornam construtores de uma nova
história.
Quem tem
o que fazer não lhe sobra tempo para fazer apenas dos bares e boates o único
ponto de encontro possível! As
verdadeiras e melhores amizades nascem e crescem em lugares de sobriedade,
responsabilidade e verdadeira alegria. Fazer o bem faz bem.
Vamos
continuar a conversa?
CONVERSANDO
20. COOPERAR É A EXIGÊNCIA PARA UMA NOVA
SOCIEDADE.
Como
estou cooperando dentro de casa? Os serviços recaem sobre quem? Há o absurdo de
filhos folgados, sentados diante da TV ou da tela do computador, pedirem à mãe
sobrecarregada que traga um copo d’água. Muitos copiaram este exemplo dos pais
que tomam semelhante atitude.
Esta
cultura de tirar proveito de tudo reflete-se na maneira comportamental de nada
cooperar dentro de casa. Crescendo nesta cultura corre-se o risco de ter uma
vida vazia de sentido, onde o mundo deve girar em torno do próprio umbigo. Quando
dentro de casa, nem sequer lavo o prato que sujei ou a xícara que usei, o filho
cresce sentindo-se no direito de exigir tudo de todos... e quando suas
exigências não são atendidas torna-se grosseiro e insatisfeito. Quem tem a vida
de insatisfação procura preencher o vazio muitas vezes naquilo que adormece e
entorpece.
No
laboratório do Amor-Exigente é ensinada e praticada a COOPERAÇÃO. No
amor-exigente vivencia-se a cooperação. Aprendemos: “a essência da família
repousa na cooperação, não só na convivência. Devemos participar de trabalhos
na família e na comunidade facilitando a cooperação e a solidariedade entre as
pessoas. Isso nos dá a oportunidade de nos valorizar, de melhorar nossa
auto-estima, e fazer parte das mudanças de uma época, assumindo a responsabilidade
social que nos cabe”.
Mais que estar no grupo devo
COOPERAR no e com o grupo onde estou. Por incrível que pareça, posso estar
dentro do grupo, com o mesmo espírito egoísta que me acompanha dentro de casa.
Sem nada fazer e querer tirar proveito de tudo. Posso ir aos templos e lugares
de culto, simplesmente para “comprar” a
vida eterna, sem me importar com o inferno que reina em casa e na
sociedade. Na espiritualidade é
impossível pensar em Deus sem pensar no próximo. Quanto mais minha mente sobe na verticalidade
até Deus tanto mais meus braços devem-se abrir na horizontalidade para o grande
abraço do serviço dos irmãos, de todos os irmãos.
Cooperar
em casa, apagando as luzes desnecessárias; fechando bem as torneiras para que
não fiquem pingando; dando descarga nos banheiros depois do uso; colocando a
roupa suja no lugar apropriado; assumindo como prática de vida a regra de ouro:
usou, sujou, lavou, enxugou e guardou; manter a ordem estabelecida: cada coisa
no seu devido lugar e, no laboratório da cooperação a aprendizagem vai tornando
a vida mais fácil e alegre para todos.
A prática
iniciada dentro de casa continua no dia a dia por onde a gente passar. Vamos
deixar rastros de boas maneiras: não deixando tanto lixo pelas calçadas que
entopem de sujeira as bocas-de-lobo, provocando enxurradas destruidoras;
comunicando o vazamento de água encontrado na rede pública; cooperando com a
coleta do lixo seletivo; cooperando na conservação e limpeza dos bancos dos
pontos de ônibus e dos próprios ônibus. O círculo vicioso do egoísmo poderá
ceder ao CÍRCULO VIRTUOSO DA PRÁTICA DA CIDADANIA.
Vamos
continuar a conversa?
CONVERSANDO
21. A EXIGÊNCIA NA DISCIPLINA EXIGE SABEDORIA
José
Vanin Martins – 13/11/2. 014
Por
que tanto medo de impor a disciplina em nossa vida e na vida de nossos filhos?
O que entendemos por disciplina? Seria
castigo? Descobri que a disciplina é uma das principais alavancas necessárias
para o crescimento emocional, intelectual, espiritual e físico de cada pessoa.
A vitória na vida, em grande parte, depende da disciplina que vivenciamos.
Filósofos,
educadores, atletas vencedores, santos, economistas, todos, sem exceção apontam
a disciplina como a arma do sucesso.
Vejamos algumas citações:
1. Augusto
Cury: “Sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas e disciplina sem
sonhos produzem pessoas automáticas que só sabem obedecer”.
2. Ésquilo,
já em 525-456aC: “a disciplina é a mãe do sucesso”.
3. George
Washington: “A disciplina é a alma do exército; torna grande os pequenos
contingentes, proporciona êxito aos fracos e estima toda a gente”.
4. Carlos
Helder: “A disciplina é uma conquista que necessita da aquisição de novos
hábitos e do abandono dos antigos”.
5. Flavio
Giovane: “A disciplina é a virtude da razão sobre a preguiça”.
6. Bernardino:
“A distância entre o sonho e a realidade chama-se disciplina”.
7. Truman
Capote: “A disciplina é a parte mais importante do sucesso”.
A Bíblia
também aborda a disciplina como necessidade para uma vida feliz. Vejamos:
1. Prov.
1, 1 Provérbios de Salomão, filho de Davi e rei de Israel, 2* para conhecer a
sabedoria e a disciplina; para entender as sentenças profundas; 3 para adquirir
disciplina e sensatez, justiça, direito e retidão; 4 para ensinar sagacidade
aos ingênuos, conhecimento e reflexão aos jovens... 7 O temor de Javé é o
princípio do saber, porém os idiotas desprezam a sabedoria e a disciplina.
2. Prov.
3,11 Meu filho, não despreze a disciplina de Javé, nem se canse com o aviso
dele, 12 porque Javé corrige aqueles que ama, como o pai corrige o filho
preferido.
3. Prov.10,
17 Quem aceita a disciplina caminha para a vida; quem despreza a correção se extravia.
4. Eclo
6, 18 Meu filho, empenhe-se na disciplina desde a juventude, e até na velhice
você terá a sabedoria. 19 Aproxime-se dela como quem ara e semeia, e espere
pelos seus frutos saborosos. Você terá um pouco de trabalho para cultivá-la,
mas logo comerá dos seus frutos. 20 Para os insensatos, ela é penosa, e quem
não tem bom senso desistirá dela. 21 Ele a considera pesada como pedra, e logo
se desfará dela.
5. 1Cor.
9, 24 Vocês não sabem que no estádio todos os atletas correm, mas só um ganha o
prêmio? Portanto, corram, para conseguir o prêmio. 25 Os atletas se abstêm de
tudo; eles, para ganhar uma coroa perecível; e nós, para ganharmos uma coroa
imperecível. 26 Quanto a mim, também eu corro, mas não como quem vai sem rumo.
Pratico o pugilato, mas não como quem luta contra o ar. 27 Trato com dureza o
meu corpo e o submeto, para não acontecer que eu proclame a mensagem aos
outros, e eu mesmo venha a ser reprovado.
A educação para a disciplina
nunca poderá ter o caráter de castigo. Devemos mostrar as vantagens de uma vida
disciplinada. A disciplina deve ser uma necessidade criada e cultivada no
interior de cada pessoa.
Devo oferecer o exemplo de quem
busca a disciplina com alegria e propósito de vencer as dificuldades. Mostrar
também sempre os resultados conseguidos.
Vamos
continuar a conversa? O que pensa você também? Diga sua opinião.
CONVERSANDO
22. A EXIGÊNCIA NA DISCIPLINA EM FAMILIA
José
Vanin Martins – 13/11/2. 014
A
aprendizagem da exigência na disciplina deve começar dentro de casa. Pais
sábios educam seus filhos para a disciplina. É na criação e prática de bons
hábitos repetitivos que nos educamos para a disciplina. A disciplina nos conduz
para a qualidade de vida. A disciplina é um valor interior, que não se compra,
mas é uma construção para toda a vida.
A
disciplina ensina assumir com responsabilidade os deveres de casa. A educação para a disciplina dispensa um
ambiente rígido e a punição. No “face” da Associação para a Igualdade Parental
e Direito dos Filhos de Portugal encontrei um quadro que bem demonstra como os
filhos podem crescer em responsabilidade na família. O quadro distribui os deveres
conforme faixa etária: Cada família pode e deve adapta-lo à sua realidade.
“ANOS
2 A 3 > Guardar os brinquedos; tirar
seu prato da mesa; guardar os sapatos, limpar pequenas superfícies; pegar
frutas e legumes na fruteira; por guardanapo na mesa; tirar a própria roupa.
4 A 5 > Arrumar a cama; por roupa na
máquina; guardar roupas; ajudar por a mesa; tirar o pó; regar as plantas;
separar o lixo.
6 A 8 > Lavar a louça; por e tirar a mesa;
passar o aspirador; lavar o quintal; guardar as compras; pendurar a roupa no
varal do chão.
9 A 11 > Preparar lanches rápidos;
limpar os móveis; limpar os espelhos; cuidar dos animais domésticos e aves;
ajudar no preparo do jantar; guardar louças; fazer lista do mercado.
12 A 14 > Limpar banheiros; Por
roupa para lavar; passar pano no chão; cuidar dos irmãos menores; preparar
pequenas refeições; fazer pequenas compras; separar contas a pagar.”.
15 para cima > (meu acréscimo) -
Aprendiz profissional de algum trabalho na área desejada; o estudo não deve
tornar-se uma desculpa para nada fazer; e o mais importante, o estudo não pode
se tornar uma desculpa para ser dispensado da cooperação dentro de casa.
Os
filhos que crescem cooperando com os trabalhos da casa estão aprendendo uma das
lições mais importantes de autonomia. Aprender trabalhar em equipe exige muita
disciplina e forma o emocional. Os pais devem sentir-se orgulhosos. A criança
vai sentir-se feliz de ser capaz de por sozinha a toalha na mesa, já, já será
capaz de por os pratos.
Esta
é a melhor maneira de acabar com o medo do trabalho infantil. Aqui se trata de
educar a criança para o trabalho sem se tornar escrava.
Na
família os filhos aprenderão o que é prioridade no uso do tempo. Conforme a faixa
etária a distribuição do tempo será diferenciada: para criança brincar; ao
crescer, estudar e brincar; para o jovem estudar e aos poucos trabalhar para
ter sua autonomia; para o adulto o trabalho; pensar também no direito do idoso
de priorizar livremente suas escolhas.
Na
distribuição das atividades, a disciplina exige tempo para tudo conforme as
prioridades de cada faixa etária. Todos nós precisamos de tempo para: as
necessidades básicas: (alimentação, higiene pessoal e sono) trabalho, estudo,
espiritualidade, convivência e lazer.
Tempo
para a convivência familiar; é importantíssimo. A sua importância será tão
maior quanto menor for a quantidade. A convivência
deve sobressair pela qualidade do respeito, da honestidade, da cooperação, da
escuta, do humor e da ternura. A
convivência pode acontecer nas horas das refeições, nos fins do dia e das
semanas, em lazer programado e em momentos familiares de espiritualidade.
Vamos
continuar a conversa? O que pensa você também? Diga sua opinião.
23. A EXIGÊNCIA NA DISCIPLINA NA SOCIEDADE
Disciplina
é uma palavra que vem lá do latim. “Disciplinar”: do Latim DISCIPULUS, “aluno,
estudante”, do verbo SCIRE, “aprender”. Exigência na aprendizagem. Gente
aprende com gente. Nossos filhos querem seguir que modelo de gente? Quem são os
modelos, os ídolos de hoje? São os artistas? São os jogadores de futebol? Sãos
atletas das olimpíadas? São os cientistas? São os prêmios “nóbeis” da paz? Os que lutam pela justiça e
igualdade?
Como são
escolhidos os modelos? Pelo que ganham? Pelo que representam? Pelo que
divertem? Normalmente são conhecidos
quando já se impuseram pelos resultados obtidos. Porém, poucos se interessam em
conhecer a trajetória, a disciplina que se impuseram.
Tornar-se
discípulo da disciplina é tornar-se livre para fazer as melhores escolhas. Na
vida somos a todo o momento convidado para a prática da disciplina: disciplina
alimentar, disciplina do trânsito, disciplina dos horários, disciplina das
finanças, disciplina da escolha de prioridades. Os vitoriosos não fizeram da
disciplina um peso e sim uma alavanca.
Vivemos
na sociedade brasileira onde a disciplina ainda é um luxo. É uma sociedade orgulhosa
do jeitinho que as pessoas arrumam para conseguir o que querem. É a famosa “lei do Gerson”, a lei de querer
levar vantagem em tudo. Sem o trabalho disciplinado, sem esforço quer ser
premiado.
Posso
correr o risco de querer facilitar a vida de meus filhos. Premiá-los antes do esforço
ou do trabalho concluído. Posso até dar o exemplo de me sentir orgulhoso pelos
meios espertos que vou conseguindo o que quero; assim torno o meu filho um
despreparado para
a vida, buscando meios, atalhos, para
também conseguir o que quer sem ir à luta.
A
disciplina dá sentido ao tempo porque ele é ocupado com prioridades que dão sentido
à vida. Na disciplina do tempo até cabe o tempo para fazer nada. Encontro tempo
para tudo sem ficar estressado. A vida torna-se mais leve e as vantagens trazem
a alegria da vitória. A disciplina permite que eu seja dono das minhas escolhas
e da minha própria vida.
A
disciplina favorece o meu autoconhecimento e me educa para dizer não quando for
preciso. Sei o que posso e o que devo fazer dentro das minhas limitações. Não
fico endividado porque sei até onde posso gastar e sou capaz de me controlar.
Mantenho meu corpo sadio sem o risco da obesidade porque sou disciplinado na
escolha de meus alimentos, bebidas e na sua quantidade. Não fico estressado porque sei até onde posso
assumir responsabilidades, conheço meus limites.
A
disciplina tem uma estreita ligação com a resiliência. Resiliência é a
capacidade de superar obstáculos, resgatar um estado saudável com maior
maturidade. Quem adquire o hábito da disciplina está mais preparado para
enfrentar os obstáculos com menos desgaste, físico e emocional.
No
Amor Exigente a Exigência na disciplina tornou-se o seu 11º. Princípio. Ele
mostra a metodologia de se libertar do amor tolerante ou negligente. Tenho medo
de libertar-me da minha intolerância e negligência que nascem da minha
insegurança.
Vamos
continuar a conversa? O que pensa você também? Diga sua opinião.
CONVERSANDO
24. A EXIGÊNCIA NA DISCIPLINA NA LINHA DO TEMPO
Resolvi
fazer uma viagem pela linha do tempo que vivi. Quis saber como foi no passar do
tempo a influência da exigência na disciplina. Tempos de ontem; os tempos mudam
ou as pessoas mudam com o tempo?
Exigência
e disciplina de ontem. Não tinha TV e o rádio chegou a minha casa quando já
tinha lá meus 8 anos. Lembro-me ainda hoje da entronização do rádio na sala da
minha casa de madeira. Todos ouvidos e até os olhos voltados para aquele objeto
misterioso que trazia a fala, a música não sei de lá de onde para dentro de
minha casa. Todos admirados e atentos por cada som diferente, por cada nova
voz, nova música exigindo o silêncio de todos. Logo meus irmãos mais velhos
tornaram-se os ditadores dos programas e dos horários...
Voltei-me
logo para o meu mundo de criança, minhas brincadeiras em lugar de ficar feito
bobo ouvindo não sei quem, falar de não sei o que... Havia programas para
crianças? Não me lembro. Só me lembro de que o rádio foi mudando de lugar até
encontrar aquele que oferecesse o melhor som e ficasse mais perto dos afazeres
da casa: cozinhar, costurar...
No auge
da brincadeira, lá vinha um grito me chamando, estava na hora de ir para a
escola, na hora de fazer a tarefa escolar, na hora do almoço, na hora do
lanche, na hora do jantar. O tempo todo era marcado pelas chamadas... Não
precisava de relógio.
A vida de
criança não foi só brincar. Fui crescendo e pouco e pouco o grito continuava a
me chamar ora para ajudar na cozinha, ora para varrer a casa, ora para ajudar
meu pai no seu trabalho de encaixotar ovos. Meu pai ia com um caminhãozinho
comprar ovos nos sítios; ainda não havia granjas; nas caixas colocava-se uma
camada de palha de arroz e uma camada de ovos, até a caixa ficar cheia. Ajudar
meu pai nunca foi chamado de trabalho escravo, mesmo quando tinha que obedecer
deixando a minha preferência que era brincar.
Era aluno
da disciplina e nem sabia disto. Na vida tem que ter hora para tudo. O trabalho
tem que ser bem feito, pois do contrário meu pai ou minha mãe mandava fazer de
novo. Não se importavam, nem batiam quando errava. É errando que se aprende.
Quem erra faz duas vezes a mesma coisa.
Cresci
brincando, estudando e trabalhando. Quase não percebi que a distribuição do
tempo para cada atividade foi mudando pouco a pouco. Agora sobrava menos tempo
para brincar e mais tempo era para estudar e trabalhar. Haveria filhinhos de
papai que não trabalhavam e só estudavam?
Na escola
a professora conseguiu nos encantar com o desejo de conhecer, de aprender, de
escrever, de criar, de fazer artes; como era bom estudar; seria estudar também
a extensão do brincar?! Estudava brincando, brincando estudava. Do diretor
todos tinham medo; medo ou respeito? De sua autoridade ninguém duvidava. Às
vezes ele até ia ao recreio. Como era bom o recreio; era uma algazarra só e
logo vinha o apito do diretor de disciplina, chamado de servente, que tinha um
poder mágico de pouco a pouco fazer reinar o silêncio e todos voltarem para as
salas de aula.
Nos
domingos bem me lembro; as melhores roupas para ir à missa; a gente nem entendia
o que o padre rezava. Seu sermão quando era dirigido para as crianças a gente
escutava com curiosidade. Era bom aquele momento, família toda junta rezava e a
paz era selada para mais uma semana do tempo.
Vamos
continuar a conversa? O que pensa você também? Diga sua opinião.