domingo, 30 de novembro de 2014

23.  A EXIGÊNCIA NA DISCIPLINA NA SOCIEDADE

Disciplina é uma palavra que vem lá do latim. “Disciplinar”: do Latim DISCIPULUS, “aluno, estudante”, do verbo SCIRE, “aprender”. Exigência na aprendizagem. Gente aprende com gente. Nossos filhos querem seguir que modelo de gente? Quem são os modelos, os ídolos de hoje? São os artistas? São os jogadores de futebol? Sãos atletas das olimpíadas? São os cientistas? São os prêmios “nóbeis”  da paz? Os que lutam pela justiça e igualdade?
Como são escolhidos os modelos? Pelo que ganham? Pelo que representam? Pelo que divertem?  Normalmente são conhecidos quando já se impuseram pelos resultados obtidos. Porém, poucos se interessam em conhecer a trajetória, a disciplina que se impuseram.
Tornar-se discípulo da disciplina é tornar-se livre para fazer as melhores escolhas. Na vida somos a todo o momento convidado para a prática da disciplina: disciplina alimentar, disciplina do trânsito, disciplina dos horários, disciplina das finanças, disciplina da escolha de prioridades. Os vitoriosos não fizeram da disciplina um peso e sim uma alavanca.
Vivemos na sociedade brasileira onde a disciplina ainda é um luxo. É uma sociedade orgulhosa do jeitinho que as pessoas arrumam para conseguir o que querem.  É a famosa “lei do Gerson”, a lei de querer levar vantagem em tudo. Sem o trabalho disciplinado, sem esforço quer ser premiado.
Posso correr o risco de querer facilitar a vida de meus filhos. Premiá-los antes do esforço ou do trabalho concluído. Posso até dar o exemplo de me sentir orgulhoso pelos meios espertos que vou conseguindo o que quero; assim torno o meu filho um despreparado para
a vida, buscando meios, atalhos, para também conseguir o que quer sem ir à luta.
            A disciplina dá sentido ao tempo porque ele é ocupado com prioridades que dão sentido à vida. Na disciplina do tempo até cabe o tempo para fazer nada. Encontro tempo para tudo sem ficar estressado. A vida torna-se mais leve e as vantagens trazem a alegria da vitória. A disciplina permite que eu seja dono das minhas escolhas e da minha própria vida.
            A disciplina favorece o meu autoconhecimento e me educa para dizer não quando for preciso. Sei o que posso e o que devo fazer dentro das minhas limitações. Não fico endividado porque sei até onde posso gastar e sou capaz de me controlar. Mantenho meu corpo sadio sem o risco da obesidade porque sou disciplinado na escolha de meus alimentos, bebidas e na sua quantidade.  Não fico estressado porque sei até onde posso assumir responsabilidades, conheço meus limites.
            A disciplina tem uma estreita ligação com a resiliência. Resiliência é a capacidade de superar obstáculos, resgatar um estado saudável com maior maturidade. Quem adquire o hábito da disciplina está mais preparado para enfrentar os obstáculos com menos desgaste, físico e emocional.
            No Amor Exigente a Exigência na disciplina tornou-se o seu 11º. Princípio. Ele mostra a metodologia de se libertar do amor tolerante ou negligente. Tenho medo de libertar-me da minha intolerância e negligência que nascem da minha insegurança.  
Vamos continuar a conversa? O que pensa você também? Diga sua opinião.


domingo, 23 de novembro de 2014

CONVERSANDO
22.  A EXIGÊNCIA NA DISCIPLINA EM FAMILIA

A aprendizagem da exigência na disciplina deve começar dentro de casa. Pais sábios educam seus filhos para a disciplina. É na criação e prática de bons hábitos repetitivos que nos educamos para a disciplina. A disciplina nos conduz para a qualidade de vida. A disciplina é um valor interior, que não se compra, mas é uma construção para toda a vida.
A disciplina ensina assumir com responsabilidade os deveres de casa.  A educação para a disciplina dispensa um ambiente rígido e a punição. No “face” da Associação para a Igualdade Parental e Direito dos Filhos de Portugal encontrei um quadro que bem demonstra como os filhos podem crescer em responsabilidade na família. O quadro distribui os deveres conforme faixa etária: Cada família pode e deve adapta-lo à sua realidade.
“ANOS
2 A 3 > Guardar os brinquedos; tirar seu prato da mesa; guardar os sapatos, limpar pequenas superfícies; pegar frutas e legumes na fruteira; por guardanapo na mesa; tirar a própria roupa.
4 A 5       > Arrumar a cama; por roupa na máquina; guardar roupas; ajudar por a mesa; tirar o pó; regar as plantas; separar o lixo.
6 A 8       > Lavar a louça; por e tirar a mesa; passar o aspirador; lavar o quintal; guardar as compras; pendurar a roupa no varal do chão.
9 A 11 > Preparar lanches rápidos; limpar os móveis; limpar os espelhos; cuidar dos animais domésticos e aves; ajudar no preparo do jantar; guardar louças; fazer lista do mercado.
12 A 14 > Limpar banheiros; Por roupa para lavar; passar pano no chão; cuidar dos irmãos menores; preparar pequenas refeições; fazer pequenas compras; separar contas a pagar.”.
15 para cima > (meu acréscimo) - Aprendiz profissional de algum trabalho na área desejada; o estudo não deve tornar-se uma desculpa para nada fazer; e o mais importante, o estudo não pode se tornar uma desculpa para ser dispensado da cooperação dentro de casa.
            Os filhos que crescem cooperando com os trabalhos da casa estão aprendendo uma das lições mais importantes de autonomia. Aprender trabalhar em equipe exige muita disciplina e forma o emocional. Os pais devem sentir-se orgulhosos. A criança vai sentir-se feliz de ser capaz de por sozinha a toalha na mesa, já, já será capaz de por os pratos. 
            Esta é a melhor maneira de acabar com o medo do trabalho infantil. Aqui se trata de educar a criança para o trabalho sem se tornar escrava.
            Na família os filhos aprenderão o que é prioridade no uso do tempo. Conforme a faixa etária a distribuição do tempo será diferenciada: para criança brincar; ao crescer, estudar e brincar; para o jovem estudar e aos poucos trabalhar para ter sua autonomia; para o adulto o trabalho; pensar também no direito do idoso de priorizar livremente suas escolhas.
            Na distribuição das atividades, a disciplina exige tempo para tudo conforme as prioridades de cada faixa etária. Todos nós precisamos de tempo para: as necessidades básicas: (alimentação, higiene pessoal e sono) trabalho, estudo, espiritualidade, convivência e lazer.
              Tempo para a convivência familiar; é importantíssimo. A sua importância será tão maior quanto menor for a quantidade. A convivência deve sobressair pela qualidade do respeito, da honestidade, da cooperação, da escuta, do humor e da ternura.  A convivência pode acontecer nas horas das refeições, nos fins do dia e das semanas, em lazer programado e em momentos familiares de espiritualidade.

Vamos continuar a conversa? O que pensa você também? Diga sua opinião.

sábado, 22 de novembro de 2014

CONVERSANDO
2.      O TRANSTORNO  FAMILIAR

Não tem jeito. A família, toda família tem dificuldade de “lidar” com a pessoa adita. Todos aceitam que a doença é comportamental. Costumamos dizer que o adito só muda de endereço, são todos iguais.
A família, normalmente é a última a aceitar que o filho está usando “droga”. Todo mundo vê, tudo está muito claro..., mas é difícil aceitar que logo em casa isto veio acontecer. No começo querem esconder à sete chaves o que não dá mais para esconder.
O adito de modo geral tem um comportamento semelhante:
Mentiras seguidamente
Desmazelo (pessoal e em seu ambiente)
Irritabilidade e agressividade
Impulsividade
Relaxamento da ética (rouba, etc)
Arrogância e prepotência
Não cumprimento de compromissos
Apatia amotivacional
Desinteresse por tudo que não diz respeito à droga
Instabilidade afetiva
Alteração do padrão do sono
Alteração do padrão alimentar

Vem a primeira negação da família, isto é passageiro, é próprio da idade... e, a idade avança e o problema se agrava. O colégio não aceita mais o filho... ou, o próprio filho não aceita mais o colégio. É hora dos pais negarem mais uma vez: culpam os colegas do colégio; quem sabe mudando para um colégio mais  fraco o problema desapareça. É mais uma tentativa frustrada.
A ousadia do filho cresce. Sem autorização e muitas vezes sem carteira sente-se no direito de dirigir o carro da família.  Acontece a primeira inflação civil. Os pais são obrigados a irem até a delegacia.  Constrangimento. Chamada de atenção. Promessas arrependidas.... e tudo continua na mesma.
Como é difícil abrir os olhos.  Vamos continuar a conversa?


CONVERSANDO
3-      AINDA   A  FALA  DA  CIÊNCIA

Os profissionais da área da dependência química afirmam que a doença da dependência química é primária, crônica, progressiva e milionária e, explicam:
É  primária, a pessoa já nasce com a predisposição para o uso e dependência; pode acarretar e acentuar outras comorbidades, mas normalmente ela vem por primeiro.
É crônica, ela não tem cura; mas pode ser controlada como o diabete. Quando o dependente químico aceita a doença e busca a recuperação ele se torna uma pessoa maravilhosa.
É progressiva, quando não tratada só avança e costuma-se dizer que o fim do dependente químico é a cadeia ou o cemitério.... e, aí estão as estatísticas comprovando.
É milionária, o dependente químico deixa se encantar pelo som da sereia dos traficantes, que ele vai logo ficar rico. Estudos afirmam que o tráfico de drogas já se tornou o segundo orçamento mundial, perdendo apenas para o armamento.
Diante deste quadro a família que tem um doente dependente químico deve tomar todas as precauções. Perder a vergonha; trata-se de um doente que precisa de tratamento. É dever do estado oferecer este tratamento.
A sociedade civil ainda está ingênua diante da realidade. Fecha os olhos para não ver que o álcool, a “cervejinha” é normalmente a porta de entrada para todas as demais drogas. “Cervejinha” é droga que mais mata e mais pesa à saúde pública. E, quando não mata, deixa quantos e quantos paralíticos e outras seqüelas.
A propaganda ostensiva para o uso, não se ofusca, com a tímida advertência: “beba com moderação”. O que é moderação?  Pode variar de organismo para organismo... mas, o jovem na alegria da balada, no incentivo dos colegas, cada vez mais cedo está sendo iniciado na dependência química.
E quando esta iniciação ao uso da droga começa dentro de casa?  Vamos continuar a conversa?

CONVERSANDO
4-      AMANDO O DEPENDENTE QUÍMICO

Há ainda uma outra maneira de enfocar a doença do dependente químico. Trata-se de uma doença:  bio, psico, sócio e espiritual. 
É bio,  a pessoa já nasce com esta predisposição; pode ser hereditária.
É psico, a pessoa traz consigo um profundo vazio vivencial; na falta de outras propostas de vida, numa sociedade sem valores  e a família sem a percepção do estado emocional pouco lhe sabe oferecer.
É sócio, onde há um dependente químico, normalmente, há cinco pessoas atingidas pelo seu modo doentio de viver.
É espiritual, a pessoa normalmente está desamparada de uma prática espiritual que lhe ofereça os valores espirituais que dão o ânimo para enfrentar as dificuldades e a dor do viver.
O adito, pessoa portadora da doença química, é uma pessoa  normal, capaz, quase sempre  muito inteligente, uns tímidos demais, outros  audazes demais,  portador de um relacionamento bastante difícil.
Muitos deles  já são portadores do TDAH = (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). Outros com o uso  podem acabar  desenvolvendo outras comorbidades, como a  esquizofrenia, principalmente no caso da maconha.
Todos eles, com o apoio da medicina, da terapia, dos grupos de auto ajuda,  da espiritualidade  e o apoio especial  da família, podem  encontrar uma vida saudável e de qualidade, libertando-se da dependência química.
Qual é este apoio da família?  Vamos continuar a conversa?


CONVERSANDO
5. O  PAPEL  DA  FAMILIA NO TRATAMENTO DO DEPENDENTE QUÍMICO.

Considero fundamental o papel da família no tratamento do dependente químico.  Quase todos os estudiosos afirmam que atrás de um doente químico há sempre um co-dependente, ou muitos codependentes.
Existe a doença da dependência química e a doença da co-dependência que é a doença de muitos que convivem com o dependente.  O  co-dependente é portador de um grande sentimento de culpa que o imobiliza de qualquer tomada de atitude saudável.  Ele se torna o grande facilitador para que  os hábitos disfuncionais do dependente se acentue e o consumo da droga aumente. 
O co-dependente confunde amor com amorosidade e facilitação.  Ele acredita-se super poderoso para exigir que o dependente deixe de usar a droga. Usa de todos os meios para exercer a influência... só, que são meios errados. Ele se deixa levar pelas sábias manipulações do dependente e chega ao ponto de concorrer com o dependente querendo fazer chantagens e também manipulações... só, que sempre perde.
Quando se sente vencido o co-dependente ora se faz de vítima ora se faz de prepotente e usa até de violência.  Nada resolve.  Acaba tornando-se muleta do dependente químico e assumindo as conseqüências de seus  atos ilícitos, tais como: pagar as dívidas, pagar os consertos de veículos,  pagar fiança, etc...
E, o que fazer então?  O co-dependente também precisa de um apoio para sair desta situação e ajudar o dependente químico.  Muitas vezes, já está estafado e precisa do psiquiatra e do psicólogo. Outro apoio importante sãos os grupos de auto e mútua ajuda: (alanon, naranon, amor-exigente, nata, cerea, aja, pastoral da sobriedade)  e,  outros... 
Nos grupos de auto e mútua ajuda aprenderão como trabalhar com o doente. É um trabalho profundo,  difícil e a longo prazo, mas dá resultado.
Tem que deixar de lado o orgulho, a falta de tempo e se envolver na busca de um tratamento, antes que seja tarde demais.
Vamos continuar a conversa?

           
CONVERSANDO
6.  AMAR É EDUCAR PARA A LIBERDADE.

Embora haja muitos cursos para noivos, todos eles não podem prever a realidade que cada casal vai vivenciar. Nenhum filho nasce com o manual de orientação. É no dia a dia que todos crescem: pais e filhos.
No início quantas e quantas vezes, achei graça das coisas erradas que meu filho pequeno fazia... considerei sinal de esperteza e sabedoria. O filho cresceu e inconscientemente sentiu-se aprovado em seus erros.  Aumentou minha falta de tempo para acompanhar o crescimento de meus filhos. A preocupação maior era trabalhar para ter e dar o conforto para a família.
Não tocava na conversação familiar, nos poucos momentos que me sobrava para educar meus filhos, em temas de respeito, humildade, obediência, trabalho, cooperação, generosidade, honestidade, responsabilidade, solidariedade... Para mim seria tão natural, tão comum e necessária, a vivência destes valores que dispensaria qualquer consideração.
No dia a dia a sociedade da mídia está dando que exemplos? A casa é um laboratório de educação?... ou um espaço de mordomia onde, cada um, de maneira individualista e egoísta é bombardeado pela mídia com seus valores luminosos, prazerosos, transitórios, competitivos e supérfluos onde vence quem é mais belo, mais competitivo, mais rico e mais esperto. É este modelo de liberdade que furtivamente vai entrando em muitas casas.
Esqueci-me de uma lição básica da educação: a criança precisa aprender; ninguém nasce sabendo e o exemplo continua sendo, não a melhor lição, mas, a única lição indispensável.  
Cometi um pequeno engano, eduquei para a libertinagem, e este ambiente é favorável para o desenvolvimento da doença da dependência química, e não para a liberdade.  Tornei minha família disfuncional. 
Vamos continuar a conversa?

CONVERSANDO
7.  FAMÍLIA DISFUNCIONAL.

A primeira vez que ouvi esta palavra ela não me soou bem. Perguntei-me: o que seria uma família funcional?  Será que ela existe?  Tornaria minha família um motor, uma máquina para ser passível de uma regulagem? O que faz a família regular bem?
Assim como as diferentes peças do motor, da máquina como um todo, devem estar num constante relacionamento de harmonia para um perfeito funcionamento...; assim também seria a família? A grande diferença é que a máquina é simples e unicamente mecânica e a família não é.
A família é formada, primeiramente de um casal (homem e mulher) pessoas livres que fizeram um contrato de bem se relacionarem, por amor na alegria e tristeza, na saúde e  doença, na riqueza e  pobreza... e, este contrato não é um funcionamento mecânico.  É um processo construtivo e interminável de relacionamento;  cada dia pode ser aperfeiçoado ou avariado, danificado, prejudicado. Quando falha o relacionamento começa a disfuncionalidade familiar. Normalmente acontece primeiramente com o casal e atinge os filhos nascidos deste contrato.
Família disfuncional é aquela que não sabe construir relacionamentos sadios, onde o diálogo transparente, o respeito, a liberdade e o perdão são o alicerce do amor.
  Quando sei construir vida à dois é mais fácil construir vida à três, à quatro...; o casal que aprende falar de maneira respeitosa e leva em consideração as emoções do outro saberá falar a mesma linguagem para os filhos e compreender suas emoções. O relacionamento exige aprendizagem das duas partes; dispensa a imposição e exercita a audição. Ouvir o outro em seus sentimentos e necessidades discernindo com sabedoria o que pode fortalecer o amor.
Num ambiente familiar funcional, com todas as suas debilidades, o que prevalecerá é o querer fazer o outro feliz e isto não significa facilitação e sim fé, confiança na honestidade do outro. Aí não haverá espaço para desenvolver a dependêmcia química.
 Vamos continuar a conversa?


CONVERSANDO
8.  OS VALORES CULTURAIS QUE ALIMENTAM MINHA FAMÍLIA.

A palavra chave é relacionamento. Ninguém vive sem se relacionar. Nasci fruto de um relacionamento. Trago em minha vida o DNA de meus pais. Mais ainda, sou marcado em minha vida pelo exemplo de minha família e recebi igualmente toda a influência do meio social no qual minha família vive. Trago as raízes que me alimentam, as raízes culturais. Idéias, valores, conhecimentos, tudo isto, forma a sementeira, a raiz cultural que me foi e ainda é hoje é plantada.
O meu pensar, o meu sentir e o meu agir são manifestações das idéias que me foram plantadas e por mim cultivadas. Tenho o meu querer soberano. Adulto, torno-me quando sou capaz de escolher minhas próprias sementes, minhas próprias idéias que se tornam o fundamento do meu sentir e agir.
Quando o filho é pequeno, como pai, torno-me responsável pelas sementes de idéias que estão sendo plantadas e cultivadas no seu coração. A quem deixo a responsabilidade de educar meus filhos? Filho, precisa ser educado ou apenas instruído?  A escola é responsável pela instrução, pelo conhecimento e também pela educação? Ponho meu filho numa boa escola para abrir mãos da minha responsabilidade?
Quantas e quantas vezes esqueci, que antes da escola, já tinha colocado dentro de casa a TV, a internet e toda parafernália moderna que se tornou a principal  “educadora” de meu filho!   O pior de todos os exemplos foi a ausência de todo e qualquer valor espiritual dentro de minha família. Por que tantos questionamentos diante da proliferação da praga que alimenta a dependência química?!
Vamos continuar a conversa?


CONVERSANDO
9.  A DROGA É BELA, SABOROSA E  PODEROSA.

A DROGA tem uma poderosa aliada: a propaganda.  Veja quantos e quantos minutos por dia são dedicados à propaganda do álcool na sua melhor apresentação:   a cervejinha. A criança cresce e não vê a hora de ficar grande para apreciá-la.  Quantas vezes, nem precisa ficar grande, porque o cerimonial da iniciação acontece dentro de casa.  
A PROPAGANDA (de maneira ingênua)  já teve início nas histórias infantis: de POPEYE (espinafre); TIA ANASTÁCIA (o pó pirlimpipim);  ASTERIX  (poção mágica)...  e continua hoje por todos os meios: JORNAIS. REVISTAS RÁDIO E TV....afirmando que existe uma bebida que traz a força, a esperteza, a felicidade, a alegria e não há festa sem ela. Antes existia também a propaganda dos cigarros.
A bebida serve para todas as ocasiões:  na alegria, bebo; no frio, bebo; no calor, bebo;  na tristeza, bebo; na vitória, bebo;  na derrota, bebo; na depressão, bebo; na solidão, bebo, no grupo de amigos, bebo; até no velório bebo... e, por que bebo? PORQUE SIM, já diz a propaganda de uma delas, nem sei mais porque bebo, bebo porque todos bebem e não me ensinaram festejar sem ela.
As “autoridades”  contentam-se com a grande medida educativa das propagandas: “BEBA COM MODERAÇÃO”.  Com isto não diminui o prejuízo que a bebida traz para o país:  a indústria do álcool movimenta 3,5% do PIB e o país gasta 7,3% do PIB para tratar dos problemas provocados pelo álcool que incluem desde a perda da produtividade até o tratamento dos dependentes.
Alguns pais consideram até normal e apóiam os porres que acontecem em festas de formatura. Não  imaginam que é a partir desta festa que seus filhos  começam o triste destino da dependência química. São ingênuos por não acreditarem na maldade de alguns que colocam outras drogas na bebida para adquirem um novo cliente no consumo das drogas ilícitas.  Existe saída?
Vamos continuar a conversa?

CONVERSANDO
10.  A DROGA LÍCITA OU ILÍCITA É  SEMPRE MÁGICA.

A DROGA tem uma OUTRA poderosa aliada: O MEDO DA DOR.  A cultura semeou o prêmio para os fortes e competentes e passa como um trator por cima dos fracos.
A  cultura só agora está acordando para a educação respeitosa do emocional. Para não conviver com o mal estar, com a depressão, com a dor de cabeça, para tudo tem um jeito: “a farmacinha”  da família. Lá se encontra todos os comprimidos milagrosos. As propagandas descaradamente educam para o excesso da comida e bebida porque depois existe o remédio apropriado para eliminar o mal estar.
Os filhos crescem sem serem ouvidos e atendidos em todas as suas necessidades com o milagre dos medicamentos. Para que consulta médica?  Para que receita?... e/ou ainda encontram alguns médicos, que deixando de considerar o lado emocional, tornam-se simplesmente  “agentes categorizados” dos laboratórios para vender receitas?!
Viver dói e crescer dói mais ainda.  É por este motivo que Jesus, em sua sabedoria, falou da poda necessária para o crescimento;   falou da necessidade da obediência ao Pai e deu o exemplo, João 15,1-10.  A minha missão educadora é colaborar para que meus filhos produzam frutos verdadeiros e que estes frutos permaneçam. Educar é tirar de dentro de cada filho o que ele tem de melhor. Isto exige conhecimento do filho, tempo para o filho e confiança no filho.
Mais que ensinar o filho beber e dar exemplo de bebida em casa a missão dos pais é ensinar o filho enfrentar as dificuldades, a superar o momento de dor e oferecer a auto estima, o melhor de todos os medicamentos para o crescimento.
Filho preparado com amor e respeito para enfrentar as dificuldades da vida mais facilmente vencerá a tentação do mais fácil, mais prazeroso e saberá usar com sobriedade tudo que lhe for oferecido  e dizer não para qualquer droga.  
Vamos continuar a conversa?

 CONVERSANDO
      11- O QUE PENSAMOS

            O pensamento é a sementeira que gera emoções e ações.  Nem sempre estou atento às sementes que estão sendo lançadas e cultivadas.  Quando percebo já estou agindo, muitas vezes até contra os meus princípios, porque fiquei desatento às ervas daninhas que foram semeadas. Sim, há pensamentos, idéias disseminadas criando raízes junto às minhas “convicções”...  Ou, os meus princípios e convicções foram abalados por outras “verdades”?!
            O lavrador que lança semente de amendoim ou feijão espera colher o que plantou; sempre atento, procura arrancar alguma erva daninha que possa prejudicar a produção desejada. Assim também acontece com cada um de nós: devo estar atento se outras idéias diferentes da minha estão sendo inteligentemente semeadas.
            A nossa cultura é semeada por muitas idéias que a mídia semeia continuadamente. De tanta propaganda acabo sendo cooptado por elas; adquiro hábitos, aprecio marcas, aceito atitudes que me tornam naturais de tão bombardeado que sou.
            Uma das práticas que mais se tornou comum, é o uso da “cervejinha” em todas as festas, celebrações, comemorações, situações; até tornou-se cultura nacional.  A propaganda é tão avassaladora, que nem mesmo a advertência: “beba com moderação”, surte efeito.  O que fica no inconsciente, é o BEBA com moderação, e a moderação, ora a moderação....
            A alegria verdadeira, quando nasce do coração em festa, dispensa a muleta de qualquer cervejinha e/ou outra bebida lícita, para a sua explosão.  Já participei de muitas e muitas festas, celebradas com refrigerantes, sucos industrializados ou sucos naturais, os mais variados possíveis, trazendo o sabor da criatividade.  Confesso que nestas festas encontrei a beleza da sobriedade enaltecendo ainda mais a explosão da alegria.  A cultura da sobriedade é a criação de um nova cultura, nascida da sabedoria e da qualidade de vida.
Vamos continuar a conversa?


CONVERSANDO
12.  O QUE QUEREMOS

            Sou soberano. Decido o que quero. Tenho meu livre arbítrio... E há uma afirmação que o homem é fruto de seu meio.  Há até um ditado: “diga-me com quem andas e direi quem és”.  Difícil a missão dos pais educadores: educarem seus filhos para que sejam autônomos e firmes em suas escolhas e capazes de escolherem sempre o melhor. Como escolher o melhor em meio a um ambiente facilitador, provocador de atitudes irresponsáveis?
            Nem mesmo a lei que exige se for dirigir, abstinência zero do álcool é respeitada... E o desrespeito, muitas vezes começa com os adultos da família.  Como o jovem educando vai entender os “conselhos” dos pais? O álcool e cigarro são drogas lícitas que mais matam e, as que mais estão dentro das casas.  Estamos “entorpecidos” com a cultura do BEBA a tal ponto que as estatísticas de mortes causadas pela bebida não nos assusta.  Isto só acontece com o vizinho, aceitamos o desafio.
            Começo desrespeitando a lei que incomoda meus vícios. Posso exigir a credibilidade no respeito às outras leis?  Há uma crise de autoridade. Os pais não mandam mais em seus filhos. Assim como nós, eles seguindo nosso exemplo, encontram a dificuldade de obedecer.  Obedecer, o que? Quando?
            Muitas vezes ainda nos orgulhamos do jeitinho que o brasileiro sabe dar para desobedecer às leis.  Ora, nossos filhos são muito mais inteligentes, espertos e capazes de nos manipular e desafiarem as leis.  
            Vamos continuar a conversa?


CONVERSANDO
13.  O QUE CELEBRAMOS.

Celebro, exalto, louvo, comemoro: nascimentos, aniversários, contratos, vitórias, méritos... Com festa e/ ou com um rito religioso.  Celebrar a vida. Toda vida é uma dádiva a ser festejada.   Nada pode passar esquecido.
Ontem as comemorações aconteciam mais, quando havia algum motivo, alguma data especial.  O domingo era um dia quase que “oficial” para isto. A vestimenta era de festa.
Depois, antecipou-se para o sábado, veio para as noites de sextas feiras e como para muitos o trabalho acontece também no domingo, todo e qualquer dia de folga, torna-se dia de festa, dia de celebração.
A cultura da bebida trabalhou bem a idéia de: “hoje é sexta feira”: Hoje é sexta-feira.  - Chega de canseira / Nada de tristeza / Pega uma cerveja / Põe na minha mesa. - Hoje é sexta-feira / Traga mais cerveja / To de saco cheio / To prá lá do meio / Da minha cabeça.  - Chega de aluguel / Chega de patrão / O coração no céu / E o sol no coração / Prá tanta solidão. / Cerveja cerveja cerveja cerveja cerveja Cerveja.” (Composição de César Augusto e César Rossini).
Sair pela cidade, agora, não mais só nas sextas feiras, em qualquer dia da semana, andar à noite, pelos bares da vida é ver um mundo todo celebrando a vida ou a irresponsabilidade do viver?!  A cerveja tornou-se a “poção mágica” que resolve todos os problemas.
Visitem os campos universitários e adjacências e vejam como os bares fazem concorrência às presenças em salas de aulas.  Visitem os bares perto das escolas de ensino médio e vejam como os alunos aprendem facilmente a lição de “beber com moderação”.
Com esta cultura da facilitação à bebida, os pais, muitos pais, terão pouco para celebrar. Muitos ficarão se indagando onde foi que errei, na hora que o filho manifestar sua dependência, não mais às drogas lícitas e sim às drogas ilícitas.
A cultura do “beber com moderação” agradece sensibilizada o aumento do consumo.   
Vamos continuar a conversa?


CONVERSANDO
14.   CELEBRANDO OS VALORES

Ainda em alguns meios rurais celebra-se a festa da colheita. É a alegria de ver os resultados de tanto trabalho,  cuidados, suor e investimentos.  Ainda hoje muitos pais celebram a colheita  do filho diplomado. Foram anos de trabalho, de responsabilidade, de sacrifício das noites indormidas e dos fins de semana dedicados ao estudo.  Creio que seja exceção os que tiram diploma sem o sacrifício dos estudos e apenas com o merecimento da esperteza ou da compra do diploma.
O mérito de vencer na vida como resultado da educação recebida e aplicada deve ser celebrado.
Os valores, sempre estão em alta. O valor da obediência, do respeito, da organização, do trabalho, da cooperação, dos limites, da generosidade, da solidariedade, da espiritualidade, da leitura,... E, tantos outros valores. Todos são como que raízes, sólidas que justificam a firmeza que não deixa o filho cair diante dos difíceis obstáculos da vida.  Os valores formam a pessoa para a vida com suas dificuldades e dor. Viver dói. Viver não é só festa... A festa acontece depois do trabalho e dos resultados do trabalho.
Só no dicionário é que o prêmio e o salário vêm antes do trabalho.  Os pais que costumam premiar os filhos antes do resultado estão tornando-se facilitadores do caminho que leva à dependência química.
Os valores não nascem ao acaso. Precisam ser plantados, trabalhados e vigiados. Há muitos “desvalores” semeados pela cultura da irresponsabilidade que ameaçam seu crescimento desafiando os valores. Por que trabalhar, se sendo esperto é mais fácil e rápido para se conseguir dinheiro?  Por que ser honesto se os grandes corruptos continuam soltos e sem castigo?  Por que ser preso, se com o pagamento da “fiança” é comprada a liberdade?  Por que fazer pesquisa, estudar, se na internet já está tudo pronto, sem nada me exigir?  Por que não passar a noite acordado, se no outro dia, um simples atestado médico, justifica minha falta?  
            Não posso deixar-me enganar, nem enganar meus filhos: o mal, a droga, a preguiça sempre estão acompanhados do prazeroso, do colorido, do facilitado e é atraente para a vida... O resultado será desastroso, ao longo do tempo e poderá ser tarde demais.
            Vamos continuar a conversa?
 
CONVERSANDO
15.   A COLHEITA DA INÉRCIA

Existe terra improdutiva? Até o deserto, os judeus transformaram em terras produtivas.  O ditado é antigo: “cabeça vazia é a oficina do diabo”.  O nosso cérebro vive constantemente “antenado” com os acontecimentos, os ensinamentos e vai gravando tudo. Vai aceitando as sementes que são lançadas.  A criança não nasce sabendo, mas não é uma terra improdutiva. Tudo precisa ser ensinado e ela é capas de tudo aprender... E, todas as idéias que estão sendo semeadas, os exemplos que estão sendo dados, vão criando raízes e vão se tornando e transformando na cultura atual. Elas mais que esponjas perfeitas chupam, enxugam tudo que está ao seu alcance.
Quando vejo as mesas dos bares cheias de bebida alcoólica, a famosa cervejinha e junto delas os pais acompanhados de seus filhos menores fico a pensar na cultura que está sendo criada esta nova geração. E esta cena se repete nas celebrações e festas familiares.
Estes mesmos pais reúnem com a família, em torno da mesa, para conversar com seus filhos sobre os valores da vida?  Contam histórias para seus filhos menores? Fazem um culto do lar?  Participam de alguma atividade solidária envolvendo toda a família?  Participam de algum culto numa Igreja?  Vão às reuniões promovidas pela escola?  Estão presentes na vida de seus filhos quando participam de algum esporte?  De algum teatro? De alguma outra atividade cultural? Assiste com seus filhos algum programa de TV e sabe dialogar em torno de seu conteúdo?   Fazendo tudo isto, não é garantia de imunidade às drogas... e, se não fizer?
Qual lembrança marcante que meu filho levará da minha presença pai/mãe em sua vida?
Há muitos filhos, padecendo a dependência química, com um grande vazio na vida.  A alegria dos bares e festas, regada ao álcool, não foi suficiente para dar o valor do sentido da vida.  A vida é algo mais precioso.  Não é apenas sobrecarregar-se de trabalho ou estudos e desafogar a ansiedade e frustrações em torno de uma garrafa. Jesus nos adverte, com um lembrete simbólico, porém, significativo, depois da bebedeira é que chega a desgraça: “... Porque, nos dias antes do dilúvio todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento...” Lc. 24,38.
A cultura e seus valores é obra de nossa criação.
Vamos continuar a conversa?



CONVERSANDO
16.  A CULTURA DA PAZ QUE BUSCAMOS
Na calada da noite, preferencialmente no esquecido das periferias, a pessoa humana é o alvo certeiro da bala mortal.  Famílias enlutadas a quem pedir socorro? Os candidatos de plantão anunciam o fim da violência prometendo aumento de verba para a repressão e a antecipação da idade penal para condenar jovens a partir dos 16 anos.
Só neste final de semana (21/9) a TV ANHANGUERA, segunda feira, noticia que foram 16 assassinatos. É tempo de guerra. Quem mata quem? As escolas do crime, agência penitenciaria, presídios, cadeias, todos superlotados. Nada de ressocialização; primeiramente matam nos presos qualquer esperança de reeducação e quando devolvidos à sociedade, saem graduados na criminalidade.  Dentro e fora das prisões, a prisão das drogas, tão ou mais terrível que todo o sistema penitenciário brasileiro.
Como cooperar para mudar este quadro? Investindo na segurança ou na educação? Investindo em forças tarefas ou investindo em programas e projetos de paz? Diante do caos toda medida de apoio é bem vinda. É preciso a busca de prioridades para a paz sem o acréscimo de mais violência.
A maioria das famílias, vítima destas violências precisam de um grupo de apoio. Neste domingo a partir das 08h00 mulheres e famílias de diferentes movimentos sairão em CAMINHADA silenciosa clamando pela paz. O clamor do silêncio. Adianta gritar? Nesta caminhada estarão presentes muitas mães que perderam seus filhos para o mundo das drogas. Há muitos traficantes de colarinho branco aplaudindo. Eles sabem que o poder público tem outros interesses.
Criou-se o chavão: “bandido bom é bandido morto”. Os olhos, ouvidos, boca e coração estão tapados para a criatividade de novas iniciativas em favor da paz. Eles querem a paz da impunidade, da irresponsabilidade, da opressão, que juntas criam a sociedade dos excluídos. Entre os excluídos não se encontram pessoas de bens; as pessoas de bens estão normalmente do outro lado.
O orgulho é colocar um efetivo maior de policiais na rua. Trará a segurança? Trará a cultura da paz? O orgulho encobre a má educação, o sistema de saúde que não funciona, o transporte que sufoca, a distribuição de renda que não meche com o sistema financeiro e capitalista. O orgulho mostra as migalhas de algumas benfeitorias na esperança de votos. Eles ainda precisam do voto para se perpetuar na opressão.
            Vamos respeitar o silêncio da caminhada. O seu silêncio pode se tornar o grito dos corações oprimidos.
Vamos continuar a conversa?


CONVERSANDO
17.  COOPERAÇÃO É TERAPIA DE PREVENÇÃO.

Aumenta no dia a dia pais com dificuldades na área da educação. Já não sabem o que fazer com os filhos escravos da mais nova, lícita, fantasiosa, desafiadora, colorida, iluminada, sonora DROGA DA INFORMÁTICA.  É uma droga lícita que nós introduzimos dentro de casa e depois não sabemos o que fazer dela. É um mal necessário? Pode-se viver sem esta poderosa droga?  Aprendemos que tudo que é demais empanturra.
Na Bíblia o Eclesiastes 3,1 traz a verdadeira sabedoria: “ Debaixo do céu há momento para tudo, e tempo certo para cada coisa”.
Na primeira infância é tempo mais precioso para criar na criança os valores da vida. O valor e a beleza da cooperação e gratuidade;  ensinarem o valor dos limites e da disciplina, ensinando que há tempo para tudo;  brincarem com os filhos dando asas a toda criatividade; exercitarem a prática do amor, do carinho, do toque e do perdão;  darem exemplo de obediência a um Ser Superior, Deus Pai de bondade, vivenciando uma verdadeira espiritualidade. Isto fazendo estão educando a criança para um relacionamento emocional  sadio.
A criança deve crescer sabendo cuidar e guardar seus objetos; cooperar colocando na hora das refeições o guardanapo... e, na medida em que for crescendo os demais pratos e talheres na mesa;  cooperar auxiliando pouco a pouco na lavação daquilo que sujou para as refeições; cooperar não criando a poluição sonora respeitando o direito do outro; cooperar aceitando as regras dos jogos infantis.
São pequenas sementes para o nascimento de uma nova cultura de paz, alegria, cooperação, autonomia com responsabilidade e solidariedade. 
E o que fazer com os filhos crescidos numa outra cultura?  Paciência, criatividade e ousadia. Este é o caminho. Sempre é tempo de aprender. Os filhos percebam e sintam que somos eternos aprendizes. Nunca somos seres acabados. A vida é a nossa mestra e os malefícios de uma educação vazia de valores estão nas páginas policiais de todos os dias.  É tempo de mudança. Vamos começar agora.
Vamos continuar a conversa?



CONVERSANDO
18.  COOPERAÇÃO EXIGE SABEDORIA

Quando fico atento e observo descubro facilmente que o mundo é uma grande malha de colaboração. Ninguém vive só. Tudo respira cooperação. Atrás de cada ação que realizo estão dezenas de pessoas que colaboraram. O sabonete, a escova,  pasta de dente, a pia, o vazo sanitário, o papel higiênico, o material hidráulico e o espelho, o pente, a água, a toalha, a energia elétrica, tudo isto já soma pelo menos 12 colaboradores, sem contar o comerciante, o transporte e...
Não dá para viver só; preciso da moradia, do vestuário, do calçado, do alimento, do carro, da calçada, do asfalto, tudo pronto para o meu uso. E quando fico doente? Médico, farmacêutico, enfermeiros, remédios, estrutura hospitalar se necessário for.   
Direta ou indiretamente acabo relacionando-me com todas as pessoas que estão nesta cadeia da minha manutenção. Ser e permanecer vivo exige que me relacione com tanta gente.
Para todo este relacionamento fluir são necessárias as leis que estabelecem a ordem e criam os serviços e funções necessárias.
Ainda não foi criada a “poção mágica” que me dispensa dos relacionamentos; seria a morte e, mesmo morrendo pessoas se ocuparão de meu sepultamento; meu corpo inerte está dependendo dos últimos cuidados.
Tudo isto, simplesmente para dizer a COOPERAÇÃO é indispensável. Tão simples, tão corriqueira, tão necessária que deveria ser espontânea e fundamental a sua aprendizagem no laboratório da família, desde a primeira infância. O grande mal da sociedade é que esta aprendizagem em nome de uma falsa cultura está sendo abortada no seu início. As crianças quando naturalmente manifestam seu desejo de cooperar são deseducadas e proibidas desta prática tão rica e necessária.
A educação para a cooperação nos trabalhos de casa deve ser a primeira e fundamental lição de toda família. Quem aprende trabalhar mais facilmente aprende estudar.
Já diz o velho ditado: “mente vazia é a oficina do diabo”. A mente quando ocupada na cooperação das pequenas necessidades de casa e despertada para perceber a grande orquestra de cooperação na qual todos vivem terá mais facilidade no seu relacionamento emocional.
Vamos continuar a conversa?

CONVERSANDO
19.  COOPERAÇÃO EXIGE APRENDIZAGEM

O Brasil tem pouco a se orgulhar no “ranking internacional de generosidade, mensurado pela Charities Aid Foundation, CAF, com sede no Reino Unido, em parceria com o Instituto Gallup, o Brasil ficou em 76º lugar no ano de 2010 quando a Austrália e Nova Zelândia empataram em primeiro lugar,... e em 2012 Brasil caiu para 83º lugar.”.
Quem não aprende cooperar com a casa vai ter muita dificuldade em cooperar com a sociedade. Quando algo não funciona dentro de casa, a mãe é culpada. Quando algo não funciona na sociedade o governo é o culpado. Em todo o lugar que o julgamento indica a existência de um culpado, todos se tornam vítimas e ninguém precisa cooperar.
Vivemos a crise da epidemia das drogas. Em se tratando de uma epidemia, todos devem cooperar e agir... mas, esta atitude não está acontecendo. Já existem estatísticas indicando que os universitários são a parcela da população que mais consome droga. Quando o Brasil pensante de amanhã fica usuário de drogas hoje, como será o dia de amanhã?  Com quem poderemos contar?
É urgente que a cultura da cooperação seja implementada a partir de cada família para que na soma do esforço de cada um, ainda seja possível sonhar um novo Brasil amanhã.
A cooperação é a expressão prática do amor às pessoas, às causas, enfim à sociedade. A cooperação pode ser indicada no tratamento da depressão, do vazio da vida, das fugas irresponsáveis e de tantos outros males. Há muitas causas nobres a espera de cooperação. Creches, hospitais, em particular o hospital do câncer, asilos, comunidades terapêuticas, grupos de idosos, associação dos ostomizados e outras mais, os sindicatos, as associações de classe, as organizações esportivas, a pastoral das crianças e tantas outras... Os jovens que crescem cooperando encontram o sentido da vida e se tornam construtores de uma nova história.
Quem tem o que fazer não lhe sobra tempo para fazer apenas dos bares e boates o único ponto de encontro possível!  As verdadeiras e melhores amizades nascem e crescem em lugares de sobriedade, responsabilidade e verdadeira alegria. Fazer o bem faz bem. 
Vamos continuar a conversa?


CONVERSANDO
20.  COOPERAR É A EXIGÊNCIA PARA UMA NOVA SOCIEDADE.
Como estou cooperando dentro de casa? Os serviços recaem sobre quem? Há o absurdo de filhos folgados, sentados diante da TV ou da tela do computador, pedirem à mãe sobrecarregada que traga um copo d’água. Muitos copiaram este exemplo dos pais que tomam semelhante atitude.
Esta cultura de tirar proveito de tudo reflete-se na maneira comportamental de nada cooperar dentro de casa. Crescendo nesta cultura corre-se o risco de ter uma vida vazia de sentido, onde o mundo deve girar em torno do próprio umbigo. Quando dentro de casa, nem sequer lavo o prato que sujei ou a xícara que usei, o filho cresce sentindo-se no direito de exigir tudo de todos... e quando suas exigências não são atendidas torna-se grosseiro e insatisfeito. Quem tem a vida de insatisfação procura preencher o vazio muitas vezes naquilo que adormece e entorpece.
No laboratório do Amor-Exigente é ensinada e praticada a COOPERAÇÃO. No amor-exigente vivencia-se a cooperação. Aprendemos: “a essência da família repousa na cooperação, não só na convivência. Devemos participar de trabalhos na família e na comunidade facilitando a cooperação e a solidariedade entre as pessoas. Isso nos dá a oportunidade de nos valorizar, de melhorar nossa auto-estima, e fazer parte das mudanças de uma época, assumindo a responsabilidade social que nos cabe”. 
            Mais que estar no grupo devo COOPERAR no e com o grupo onde estou. Por incrível que pareça, posso estar dentro do grupo, com o mesmo espírito egoísta que me acompanha dentro de casa. Sem nada fazer e querer tirar proveito de tudo. Posso ir aos templos e lugares de culto, simplesmente para “comprar”  a vida eterna, sem me importar com o inferno que reina em casa e na sociedade.  Na espiritualidade é impossível pensar em Deus sem pensar no próximo.  Quanto mais minha mente sobe na verticalidade até Deus tanto mais meus braços devem-se abrir na horizontalidade para o grande abraço do serviço dos irmãos, de todos os irmãos.
            Cooperar em casa, apagando as luzes desnecessárias; fechando bem as torneiras para que não fiquem pingando; dando descarga nos banheiros depois do uso; colocando a roupa suja no lugar apropriado; assumindo como prática de vida a regra de ouro: usou, sujou, lavou, enxugou e guardou; manter a ordem estabelecida: cada coisa no seu devido lugar e, no laboratório da cooperação a aprendizagem vai tornando a vida mais fácil e alegre para todos.
A prática iniciada dentro de casa continua no dia a dia por onde a gente passar. Vamos deixar rastros de boas maneiras: não deixando tanto lixo pelas calçadas que entopem de sujeira as bocas-de-lobo, provocando enxurradas destruidoras; comunicando o vazamento de água encontrado na rede pública; cooperando com a coleta do lixo seletivo; cooperando na conservação e limpeza dos bancos dos pontos de ônibus e dos próprios ônibus. O círculo vicioso do egoísmo poderá ceder ao CÍRCULO VIRTUOSO DA PRÁTICA DA CIDADANIA. 
Vamos continuar a conversa?

CONVERSANDO
21.  A EXIGÊNCIA NA DISCIPLINA EXIGE SABEDORIA
José Vanin Martins – 13/11/2. 014

                Por que tanto medo de impor a disciplina em nossa vida e na vida de nossos filhos? O que entendemos por disciplina?  Seria castigo? Descobri que a disciplina é uma das principais alavancas necessárias para o crescimento emocional, intelectual, espiritual e físico de cada pessoa. A vitória na vida, em grande parte, depende da disciplina que vivenciamos.
                Filósofos, educadores, atletas vencedores, santos, economistas, todos, sem exceção apontam a disciplina como a arma do sucesso.  Vejamos algumas citações:
1.       Augusto Cury: “Sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas e disciplina sem sonhos produzem pessoas automáticas que só sabem obedecer”.
2.       Ésquilo, já em 525-456aC: “a disciplina é a mãe do sucesso”.
3.       George Washington: “A disciplina é a alma do exército; torna grande os pequenos contingentes, proporciona êxito aos fracos e estima toda a gente”.
4.       Carlos Helder: “A disciplina é uma conquista que necessita da aquisição de novos hábitos e do abandono dos antigos”.
5.       Flavio Giovane: “A disciplina é a virtude da razão sobre a preguiça”.
6.       Bernardino: “A distância entre o sonho e a realidade chama-se disciplina”.
7.       Truman Capote: “A disciplina é a parte mais importante do sucesso”.

A Bíblia também aborda a disciplina como necessidade para uma vida feliz. Vejamos:
1.       Prov. 1, 1 Provérbios de Salomão, filho de Davi e rei de Israel, 2* para conhecer a sabedoria e a disciplina; para entender as sentenças profundas; 3 para adquirir disciplina e sensatez, justiça, direito e retidão; 4 para ensinar sagacidade aos ingênuos, conhecimento e reflexão aos jovens... 7 O temor de Javé é o princípio do saber, porém os idiotas desprezam a sabedoria e a disciplina.
2.       Prov. 3,11 Meu filho, não despreze a disciplina de Javé, nem se canse com o aviso dele, 12 porque Javé corrige aqueles que ama, como o pai corrige o filho preferido.
3.       Prov.10, 17 Quem aceita a disciplina caminha para a vida; quem despreza a correção se extravia.
4.       Eclo 6, 18 Meu filho, empenhe-se na disciplina desde a juventude, e até na velhice você terá a sabedoria. 19 Aproxime-se dela como quem ara e semeia, e espere pelos seus frutos saborosos. Você terá um pouco de trabalho para cultivá-la, mas logo comerá dos seus frutos. 20 Para os insensatos, ela é penosa, e quem não tem bom senso desistirá dela. 21 Ele a considera pesada como pedra, e logo se desfará dela.
5.       1Cor. 9, 24 Vocês não sabem que no estádio todos os atletas correm, mas só um ganha o prêmio? Portanto, corram, para conseguir o prêmio. 25 Os atletas se abstêm de tudo; eles, para ganhar uma coroa perecível; e nós, para ganharmos uma coroa imperecível. 26 Quanto a mim, também eu corro, mas não como quem vai sem rumo. Pratico o pugilato, mas não como quem luta contra o ar. 27 Trato com dureza o meu corpo e o submeto, para não acontecer que eu proclame a mensagem aos outros, e eu mesmo venha a ser reprovado.
A educação para a disciplina nunca poderá ter o caráter de castigo. Devemos mostrar as vantagens de uma vida disciplinada. A disciplina deve ser uma necessidade criada e cultivada no interior de cada pessoa.
Devo oferecer o exemplo de quem busca a disciplina com alegria e propósito de vencer as dificuldades. Mostrar também sempre os resultados conseguidos.
Vamos continuar a conversa? O que pensa você também? Diga sua opinião.


CONVERSANDO
22.  A EXIGÊNCIA NA DISCIPLINA EM FAMILIA
José Vanin Martins – 13/11/2. 014

A aprendizagem da exigência na disciplina deve começar dentro de casa. Pais sábios educam seus filhos para a disciplina. É na criação e prática de bons hábitos repetitivos que nos educamos para a disciplina. A disciplina nos conduz para a qualidade de vida. A disciplina é um valor interior, que não se compra, mas é uma construção para toda a vida.
A disciplina ensina assumir com responsabilidade os deveres de casa.  A educação para a disciplina dispensa um ambiente rígido e a punição. No “face” da Associação para a Igualdade Parental e Direito dos Filhos de Portugal encontrei um quadro que bem demonstra como os filhos podem crescer em responsabilidade na família. O quadro distribui os deveres conforme faixa etária: Cada família pode e deve adapta-lo à sua realidade.
“ANOS
2 A 3 > Guardar os brinquedos; tirar seu prato da mesa; guardar os sapatos, limpar pequenas superfícies; pegar frutas e legumes na fruteira; por guardanapo na mesa; tirar a própria roupa.
4 A 5       > Arrumar a cama; por roupa na máquina; guardar roupas; ajudar por a mesa; tirar o pó; regar as plantas; separar o lixo.
6 A 8       > Lavar a louça; por e tirar a mesa; passar o aspirador; lavar o quintal; guardar as compras; pendurar a roupa no varal do chão.
9 A 11 > Preparar lanches rápidos; limpar os móveis; limpar os espelhos; cuidar dos animais domésticos e aves; ajudar no preparo do jantar; guardar louças; fazer lista do mercado.
12 A 14 > Limpar banheiros; Por roupa para lavar; passar pano no chão; cuidar dos irmãos menores; preparar pequenas refeições; fazer pequenas compras; separar contas a pagar.”.
15 para cima > (meu acréscimo) - Aprendiz profissional de algum trabalho na área desejada; o estudo não deve tornar-se uma desculpa para nada fazer; e o mais importante, o estudo não pode se tornar uma desculpa para ser dispensado da cooperação dentro de casa.
            Os filhos que crescem cooperando com os trabalhos da casa estão aprendendo uma das lições mais importantes de autonomia. Aprender trabalhar em equipe exige muita disciplina e forma o emocional. Os pais devem sentir-se orgulhosos. A criança vai sentir-se feliz de ser capaz de por sozinha a toalha na mesa, já, já será capaz de por os pratos. 
            Esta é a melhor maneira de acabar com o medo do trabalho infantil. Aqui se trata de educar a criança para o trabalho sem se tornar escrava.
            Na família os filhos aprenderão o que é prioridade no uso do tempo. Conforme a faixa etária a distribuição do tempo será diferenciada: para criança brincar; ao crescer, estudar e brincar; para o jovem estudar e aos poucos trabalhar para ter sua autonomia; para o adulto o trabalho; pensar também no direito do idoso de priorizar livremente suas escolhas.
            Na distribuição das atividades, a disciplina exige tempo para tudo conforme as prioridades de cada faixa etária. Todos nós precisamos de tempo para: as necessidades básicas: (alimentação, higiene pessoal e sono) trabalho, estudo, espiritualidade, convivência e lazer.
              Tempo para a convivência familiar; é importantíssimo. A sua importância será tão maior quanto menor for a quantidade. A convivência deve sobressair pela qualidade do respeito, da honestidade, da cooperação, da escuta, do humor e da ternura.  A convivência pode acontecer nas horas das refeições, nos fins do dia e das semanas, em lazer programado e em momentos familiares de espiritualidade.
Vamos continuar a conversa? O que pensa você também? Diga sua opinião.



23.  A EXIGÊNCIA NA DISCIPLINA NA SOCIEDADE

Disciplina é uma palavra que vem lá do latim. “Disciplinar”: do Latim DISCIPULUS, “aluno, estudante”, do verbo SCIRE, “aprender”. Exigência na aprendizagem. Gente aprende com gente. Nossos filhos querem seguir que modelo de gente? Quem são os modelos, os ídolos de hoje? São os artistas? São os jogadores de futebol? Sãos atletas das olimpíadas? São os cientistas? São os prêmios “nóbeis”  da paz? Os que lutam pela justiça e igualdade?
Como são escolhidos os modelos? Pelo que ganham? Pelo que representam? Pelo que divertem?  Normalmente são conhecidos quando já se impuseram pelos resultados obtidos. Porém, poucos se interessam em conhecer a trajetória, a disciplina que se impuseram.
Tornar-se discípulo da disciplina é tornar-se livre para fazer as melhores escolhas. Na vida somos a todo o momento convidado para a prática da disciplina: disciplina alimentar, disciplina do trânsito, disciplina dos horários, disciplina das finanças, disciplina da escolha de prioridades. Os vitoriosos não fizeram da disciplina um peso e sim uma alavanca.
Vivemos na sociedade brasileira onde a disciplina ainda é um luxo. É uma sociedade orgulhosa do jeitinho que as pessoas arrumam para conseguir o que querem.  É a famosa “lei do Gerson”, a lei de querer levar vantagem em tudo. Sem o trabalho disciplinado, sem esforço quer ser premiado.
Posso correr o risco de querer facilitar a vida de meus filhos. Premiá-los antes do esforço ou do trabalho concluído. Posso até dar o exemplo de me sentir orgulhoso pelos meios espertos que vou conseguindo o que quero; assim torno o meu filho um despreparado para
a vida, buscando meios, atalhos, para também conseguir o que quer sem ir à luta.
            A disciplina dá sentido ao tempo porque ele é ocupado com prioridades que dão sentido à vida. Na disciplina do tempo até cabe o tempo para fazer nada. Encontro tempo para tudo sem ficar estressado. A vida torna-se mais leve e as vantagens trazem a alegria da vitória. A disciplina permite que eu seja dono das minhas escolhas e da minha própria vida.
            A disciplina favorece o meu autoconhecimento e me educa para dizer não quando for preciso. Sei o que posso e o que devo fazer dentro das minhas limitações. Não fico endividado porque sei até onde posso gastar e sou capaz de me controlar. Mantenho meu corpo sadio sem o risco da obesidade porque sou disciplinado na escolha de meus alimentos, bebidas e na sua quantidade.  Não fico estressado porque sei até onde posso assumir responsabilidades, conheço meus limites.
            A disciplina tem uma estreita ligação com a resiliência. Resiliência é a capacidade de superar obstáculos, resgatar um estado saudável com maior maturidade. Quem adquire o hábito da disciplina está mais preparado para enfrentar os obstáculos com menos desgaste, físico e emocional.
            No Amor Exigente a Exigência na disciplina tornou-se o seu 11º. Princípio. Ele mostra a metodologia de se libertar do amor tolerante ou negligente. Tenho medo de libertar-me da minha intolerância e negligência que nascem da minha insegurança.  
Vamos continuar a conversa? O que pensa você também? Diga sua opinião.


CONVERSANDO
24.  A EXIGÊNCIA NA DISCIPLINA NA LINHA DO TEMPO

Resolvi fazer uma viagem pela linha do tempo que vivi. Quis saber como foi no passar do tempo a influência da exigência na disciplina. Tempos de ontem; os tempos mudam ou as pessoas mudam com o tempo?
Exigência e disciplina de ontem. Não tinha TV e o rádio chegou a minha casa quando já tinha lá meus 8 anos. Lembro-me ainda hoje da entronização do rádio na sala da minha casa de madeira. Todos ouvidos e até os olhos voltados para aquele objeto misterioso que trazia a fala, a música não sei de lá de onde para dentro de minha casa. Todos admirados e atentos por cada som diferente, por cada nova voz, nova música exigindo o silêncio de todos. Logo meus irmãos mais velhos tornaram-se os ditadores dos programas e dos horários...
Voltei-me logo para o meu mundo de criança, minhas brincadeiras em lugar de ficar feito bobo ouvindo não sei quem, falar de não sei o que... Havia programas para crianças? Não me lembro. Só me lembro de que o rádio foi mudando de lugar até encontrar aquele que oferecesse o melhor som e ficasse mais perto dos afazeres da casa: cozinhar, costurar...
No auge da brincadeira, lá vinha um grito me chamando, estava na hora de ir para a escola, na hora de fazer a tarefa escolar, na hora do almoço, na hora do lanche, na hora do jantar. O tempo todo era marcado pelas chamadas... Não precisava de relógio. 
A vida de criança não foi só brincar. Fui crescendo e pouco e pouco o grito continuava a me chamar ora para ajudar na cozinha, ora para varrer a casa, ora para ajudar meu pai no seu trabalho de encaixotar ovos. Meu pai ia com um caminhãozinho comprar ovos nos sítios; ainda não havia granjas; nas caixas colocava-se uma camada de palha de arroz e uma camada de ovos, até a caixa ficar cheia. Ajudar meu pai nunca foi chamado de trabalho escravo, mesmo quando tinha que obedecer deixando a minha preferência que era brincar.
Era aluno da disciplina e nem sabia disto. Na vida tem que ter hora para tudo. O trabalho tem que ser bem feito, pois do contrário meu pai ou minha mãe mandava fazer de novo. Não se importavam, nem batiam quando errava. É errando que se aprende. Quem erra faz duas vezes a mesma coisa.
Cresci brincando, estudando e trabalhando. Quase não percebi que a distribuição do tempo para cada atividade foi mudando pouco a pouco. Agora sobrava menos tempo para brincar e mais tempo era para estudar e trabalhar. Haveria filhinhos de papai que não trabalhavam e só estudavam?
Na escola a professora conseguiu nos encantar com o desejo de conhecer, de aprender, de escrever, de criar, de fazer artes; como era bom estudar; seria estudar também a extensão do brincar?! Estudava brincando, brincando estudava. Do diretor todos tinham medo; medo ou respeito? De sua autoridade ninguém duvidava. Às vezes ele até ia ao recreio. Como era bom o recreio; era uma algazarra só e logo vinha o apito do diretor de disciplina, chamado de servente, que tinha um poder mágico de pouco a pouco fazer reinar o silêncio e todos voltarem para as salas de aula.
Nos domingos bem me lembro; as melhores roupas para ir à missa; a gente nem entendia o que o padre rezava. Seu sermão quando era dirigido para as crianças a gente escutava com curiosidade. Era bom aquele momento, família toda junta rezava e a paz era selada para mais uma semana do tempo. 
Vamos continuar a conversa? O que pensa você também? Diga sua opinião.