quinta-feira, 16 de julho de 2020


LEMBRANÇAS QUE CHEGAM 
OS QUADRADOS DA VIDA (2)
José Vanin Martins – julho 2020

            É bom cada qual viver em seu quadrado? Tudo que é quadrado me cheira mal. Por alguns poucos anos fiz um trabalho voluntário na Agência Prisional de Aparecida de Goiânia. Não é nada bom viver no quadrado das celas, onde o convívio é forçado e sufocante.      
            Agora, são as famílias do mundo todo, convocadas para conviverem nos   quadrados de suas casas. Hoje a mídia nos oferece muitas válvulas de escape... mas nenhuma delas acaba com o gostinho e a alegria de um abraço. Ouve-se a voz, vê-se a imagem..., mas sempre existe o dissabor da ausência, do cheiro, do abraço, do aperto de mão.
            Nesse tempo do Covid-19, corro o risco de me ausentar mais e mais daqueles que amo. Felizes daqueles que continuam a comunicação pelos telefonemas, WhatsApp, zoom e outras mídias. Confesso que tenho dificuldades em usar esses meios e com isso saio perdendo. Gosto que meus amigos cheguem até mim, mas tenho dificuldades de sair do meu quadrado e chegar até vocês, pois foi essa a formação e experiência que tive em boa parte de minha vida.
            Deixar de ser egoísta e ouvir o apelo silencioso, do amigo que está isolado, calado, depressivo, adoentado, ou até passando necessidades financeiras, deve-se tornar a atitude necessária nesse momento. Sair de meu quadrado, é como me lembrar do samaritano que atendeu com solicitude aquele que foi assaltado, agredido e abandonado.  
            Dentro de meu quadrado do Covid-19, é fácil deixar-me levar pelo egoísmo e fechar meus ouvidos, meus olhos, minhas palavras, meu coração para aqueles que estão prisioneiros nos seus próprios quadrados, sem ser por vontade própria. Posso igualmente tornar-me prisioneiro dentro do meu próprio quadrado e deixar de praticar o exercício do amor, a única prática libertadora de todos os quadrados.

BRASA QUENTE NA FOGUEIRA DA CONVERSAÇÃO
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