LEMBRANÇAS
QUE CHEGAM
OS QUADRADOS
DA VIDA (2)
José Vanin Martins – julho
2020
É bom cada qual viver em seu
quadrado? Tudo que é quadrado me cheira mal. Por alguns poucos anos fiz um
trabalho voluntário na Agência Prisional de Aparecida de Goiânia. Não é nada
bom viver no quadrado das celas, onde o convívio é forçado e sufocante.
Agora, são as famílias do mundo todo,
convocadas para conviverem nos quadrados
de suas casas. Hoje a mídia nos oferece muitas válvulas de escape... mas
nenhuma delas acaba com o gostinho e a alegria de um abraço. Ouve-se a voz,
vê-se a imagem..., mas sempre existe o dissabor da ausência, do cheiro, do
abraço, do aperto de mão.
Nesse tempo
do Covid-19, corro o risco de me ausentar mais e mais daqueles que amo. Felizes
daqueles que continuam a comunicação pelos telefonemas, WhatsApp, zoom e outras
mídias. Confesso que tenho dificuldades em usar esses meios e com isso saio perdendo.
Gosto que meus amigos cheguem até mim, mas tenho dificuldades de sair do meu
quadrado e chegar até vocês, pois foi essa a formação e experiência que tive em
boa parte de minha vida.
Deixar de
ser egoísta e ouvir o apelo silencioso, do amigo que está isolado, calado,
depressivo, adoentado, ou até passando necessidades financeiras, deve-se tornar
a atitude necessária nesse momento. Sair de meu quadrado, é como me lembrar do
samaritano que atendeu com solicitude aquele que foi assaltado, agredido e abandonado.
Dentro de
meu quadrado do Covid-19, é fácil deixar-me levar pelo egoísmo e fechar meus
ouvidos, meus olhos, minhas palavras, meu coração para aqueles que estão
prisioneiros nos seus próprios quadrados, sem ser por vontade própria. Posso
igualmente tornar-me prisioneiro dentro do meu próprio quadrado e deixar de
praticar o exercício do amor, a única prática libertadora de todos os
quadrados.
BRASA QUENTE NA FOGUEIRA DA
CONVERSAÇÃO
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