LEMBRANÇAS
QUE CHEGAM
OS QUADRADOS
DA VIDA (1)
José Vanin Martins – julho
2020
É tempo de
COVID-19. Tenho muito tempo para usar. Acordei às 02,30hs e quando me dei, já
estava pensando. O pensamento levava-me a pensar nos quadrados da vida, no
presente e no passado...mas principalmente em mim mesmo.
Penso que
sempre vivi num quadrado. Na minha primeira infância vivi longe de tudo que
fosse parente. Não tive a convivência com avós, tios e primos. Meus pais,
quando tinha 5 meses de nascido, em Vera Cruz, Sp. saíram de perto de todos os
parentes e se mudaram para Andradina, SP., mais de 300 km, distante de tudo e
de todos os parentes. Não havia comunicação, nem por asfalto, muito menos por
telefone. Era a busca pela sobrevivência e por uma vida melhor.
Cresci em Andradina no quadrado
de um quintal. Alguns poucos meninos da vizinhança, podiam brincar no grande
quintal de minha casa..., mas eu não podia sair fora do quintal. Por que? Não
sei, só sei que minha mãe não me deixava. Tenho a minha irmã CONCEIÇÃO, três
anos mais velha que ainda hoje se lembra dos cuidados que tinha comigo, mas não
me lembro de ficar brincando com ela. Somos os dois sobreviventes de seis
irmãos.
Quando me dei conta, com dose
anos, sai do quadrado do quintal de minha casa e entrei no quadrado do
seminário menor, em Lins, SP, distante 200km. de Andradina. A minha intenção
foi estudar para ser padre. No quadrado do seminário menor, aprendi ter cuidado
com as “panelinhas”, os pequenos grupos de amizades..., e essa aprendizagem
valeu para os treze anos que vivi nos outros dois quadrados, Seminário Maior de
Belo Horizonte, (filosofia) por três anos e Seminário Maior de São Paulo por
quatro anos.
Como padre,
aprendi viver no quadrado da Paróquia, conviver com todas as pessoas e ter o
cuidado para não me fixar com nenhuma.
Agora,
casado, perto dos meus oitenta anos, no quadrado de minha casa, em plena
covid-19, vendo cada um de meus filhos e amigos, vivendo no quadrado de suas
casas, vieram à minha lembrança, os muitos quadrados de minha vida. e, hoje
concluo que viver em quadrados, só mesmo por necessidade da própria vida.
BRASA QUENTE NA FOGUEIRA DA
CONVERSAÇÃO
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