CULPA OU COBRANÇA?
José Vanin
Martins – 01/12/2.017
O sentimento de culpa é prejudicial
porque nos paralisa. O que fazer com este sentimento? Pais e filhos querem dele
se libertar, pegar o sentimento de culpa, livrar-se dele e, inconformado com a situação,
cada qual quer livrar-se da culpa. Isto acontece antes, durante e depois da
recuperação do dependente. Vamos ver o depois da recuperação quando acontece o
grande processo da sobriedade. Correm o risco de substituírem o jogo da culpa pelo jogo da
cobrança.
Agora é enfrentar o presente. Os
sujeitos são os mesmos. Voltam as lembranças.
Na memória emocional do filho ficou registrado o ambiente de casa, a
falta de proteção, a severidade demais, a frieza diante dos seus sentimentos, as
discussões e a consequente separação dos
pais, a ausência deles pelo excesso de trabalho..., a soma de tudo isto levou o filho a rebelar-se, desobedecer,
repetir de ano, fugir dos estudos e viver a própria vida fora de casa. Após dezenas de anos e de ter passado por
clinicas e/ou comunidades começa o difícil processo de recuperação. Está
cansado, nocauteado por tanto tempo perdido. Luta pela sobriedade e sente-se,
na necessidade ou no direito de cobrar colaboração financeira, sem definir-se
num trabalho que lhe dê a autonomia e mais ainda, continua despreparado para compensar
o emocional familiar.
Por parte do pai e/ou mãe a memória emocional criou a ferida d’alma.
Em muitas famílias, o casamento que não deu certo; o peso financeiro de quem
fica com os filhos, sua sustentação e educação; a necessidade de ficar fora de
casa por exigência do trabalho; a frustração diante do sonho idealizado; o sentimento de estar só; a desobediência dos
filhos; as noites indormidas e o trabalho
exigido; o desconforto social; a ausência ou fuga do dependente; o custo do
tratamento; o sentimento de medo, de ausência maior; a difícil busca para acertar; a comparação
com aqueles que deram certo. Esgotado financeira e emocionalmente ainda dá um
último esforço para ser solidário com o filho na sua busca de sobriedade.
Espera exausto que tenha chegado o tempo do filho já maior, ter pelo trabalho, sua
própria autonomia financeira.
Os dois lados: pais e filhos somam
as perdas. Todos são vítimas, assim um acaba machucando o outro. O fantasma das
lembranças, pode trazer o sentimento da culpa de volta. A triste necessidade de
querer que o outro mude por primeiro instala o sentimento da mútua cobrança. É difícil neste momento lembrar-se da palavra
de Jesus: “Quem estiver sem pecado jogue a primeira pedra”.
Muitas vezes, o sentimento de culpa
fica, simplesmente substituído, pelo sentimento da cobrança sem a compensação do clima de respeito,
carinho e verdadeiro perdão.
Falta germinar para pais e filhos os
FRUTOS DO ESPÍRITO: amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé,
mansidão e domínio de si Gal 5,22-23.
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