quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

CONVERSANDO
24.  A EXIGÊNCIA NA DISCIPLINA NA LINHA DO TEMPO

Resolvi fazer uma viagem pela linha do tempo que vivi. Quis saber como foi no passar do tempo a influência da exigência na disciplina. Tempos de ontem; os tempos mudam ou as pessoas mudam com o tempo?
Exigência e disciplina de ontem. Não tinha TV e o rádio chegou a minha casa quando já tinha lá meus 8 anos. Lembro-me ainda hoje da entronização do rádio na sala da minha casa de madeira. Todos ouvidos e até os olhos voltados para aquele objeto misterioso que trazia a fala, a música não sei de lá de onde para dentro de minha casa. Todos admirados e atentos por cada som diferente, por cada nova voz, nova música exigindo o silêncio de todos. Logo meus irmãos mais velhos tornaram-se os ditadores dos programas e dos horários...
Voltei-me logo para o meu mundo de criança, minhas brincadeiras em lugar de ficar feito bobo ouvindo não sei quem, falar de não sei o que... Havia programas para crianças? Não me lembro. Só me lembro de que o rádio foi mudando de lugar até encontrar aquele que oferecesse o melhor som e ficasse mais perto dos afazeres da casa: cozinhar, costurar...
No auge da brincadeira, lá vinha um grito me chamando, estava na hora de ir para a escola, na hora de fazer a tarefa escolar, na hora do almoço, na hora do lanche, na hora do jantar. O tempo todo era marcado pelas chamadas... Não precisava de relógio. 
A vida de criança não foi só brincar. Fui crescendo e pouco e pouco o grito continuava a me chamar ora para ajudar na cozinha, ora para varrer a casa, ora para ajudar meu pai no seu trabalho de encaixotar ovos. Meu pai ia com um caminhãozinho comprar ovos nos sítios; ainda não havia granjas; nas caixas colocava-se uma camada de palha de arroz e uma camada de ovos, até a caixa ficar cheia. Ajudar meu pai nunca foi chamado de trabalho escravo, mesmo quando tinha que obedecer deixando a minha preferência que era brincar.
Era aluno da disciplina e nem sabia disto. Na vida tem que ter hora para tudo. O trabalho tem que ser bem feito, pois do contrário meu pai ou minha mãe mandava fazer de novo. Não se importavam, nem batiam quando errava. É errando que se aprende. Quem erra faz duas vezes a mesma coisa.
Cresci brincando, estudando e trabalhando. Quase não percebi que a distribuição do tempo para cada atividade foi mudando pouco a pouco. Agora sobrava menos tempo para brincar e mais tempo era para estudar e trabalhar. Haveria filhinhos de papai que não trabalhavam e só estudavam?
Na escola a professora conseguiu nos encantar com o desejo de conhecer, de aprender, de escrever, de criar, de fazer artes; como era bom estudar; seria estudar também a extensão do brincar?! Estudava brincando, brincando estudava. Do diretor todos tinham medo; medo ou respeito? De sua autoridade ninguém duvidava. Às vezes ele até ia ao recreio. Como era bom o recreio; era uma algazarra só e logo vinha o apito do diretor de disciplina, chamado de servente, que tinha um poder mágico de pouco a pouco fazer reinar o silêncio e todos voltarem para as salas de aula.
Nos domingos bem me lembro; as melhores roupas para ir à missa; a gente nem entendia o que o padre rezava. Seu sermão quando era dirigido para as crianças a gente escutava com curiosidade. Era bom aquele momento, família toda junta rezava e a paz era selada para mais uma semana do tempo. 
Vamos continuar a conversa? O que pensa você também? Diga sua opinião.


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