ENCONTRANDO COMIGO MESMO
12/8/2.004
José Vanin Martins
Vou parar. Vou me desligar do outro. Vou
sintonizar-me em mim mesmo. Vou olhar-me para dentro de mim mesmo. Vou me amar.
Vou
aceitar-me no meu corpo. Ele é o espaço acolhedor de meu espírito. Vou acariciar-me.
Vou aceitar-me como sendo uma flor pensada e desejada por Deus num dos
canteiros do jardim humano. O meu perfume, a minha beleza, o meu modo de ser é
essencial e original para completar a beleza do jardim. Vou me amar.
Vou
parar. Vou aquietar-me. Não vou sair para o mundo exterior. Vou visitar-me.
Há um mundo maravilhoso dentro de mim mesmo que nunca visitei. Vou encontrar-me
com o meu espírito. Vou adentrar no meu mundo interior. Vou me amar.
Vou
parar. Vou respirar profundamente. Vou sentir a vida que está dentro de
mim. É a minha vida pedindo por vida. Quero viver. Quero respirar. Estou vivo.
Tenho a minha vida. Como é bom viver. Vou me amar.
Vou
parar. Quero estar só. Chega de estar com os outros. O outro sou eu. Se
não parar não me encontro comigo mesmo e fico na solidão. A solidão mais triste
é a solidão de si mesmo. Vou me encontrar comigo mesmo. Vou dar um tempo para
mim mesmo. Vou me amar.
Vou
parar. Trago em mim a síntese física e química do mundo inteiro. Trago a
água, a vida. Trago o fogo, a paixão. Trago o ferro, a firmeza e trago todos os
minerais, a complexidade. Trago o constante movimento da física. É o coração
que bate; é o sangue que corre. Não preciso sair, andar para estar em
movimento. Eu sou o movimento. Vou me amar.
Vou
parar. Trago em mim a síntese da história do mundo inteiro. Na cadeia
genealógica encontro-me com a história de todas as pessoas. Sou história e faço
história. Tenho a minha história para viver. Não preciso de outras histórias.
Vou me amar.
Vou
parar. Vou encontrar-me. Tenho tanta coisa para me escutar. Tenho tanta coisa
para me dizer. Vivi tão longe de mim mesmo que não tive tempo para me admirar e
muito menos para me amar. Como não me amei, fiquei só e na minha solidão nunca
soube amar alguém. Agora vou me amar.
Vou
parar. Sou um mistério. Não me conheço e tenho de me conhecer. Vou desvendar-me.
Agora vou amar-me na riqueza do mistério que sou.
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