LEMBRANÇAS, CRENÇAS, COBRANÇAS,
ESPERANÇAS E MUDANÇAS
08-
ENTRADA PARA O SEMINÁRIO
José Vanin Martins – janeiro 2019
1.953
– Com 12 anos resolvi “ser padre”... ou melhor, ir para o seminário “estudar” para
ser padre. Estudar o que? Ginásio e colegial. Isto em Lins, uns 200 quilómetros
longe de casa. Regime internato. Lá deveríamos ser mais de 100 crianças,
adolescentes e alguns maiores na faixa dos 16-18 anos.
Tínhamos
um padre que era reitor, outro que era o diretor de disciplina e mais um
diretor espiritual. Além destes, outros padres que eram professores e apenas um
professor leigo. Imaginem! no meu primeiro ano, o Diretor de Disciplina foi meu
irmão que acabara de ser ordenado padre. Era também o professor de português.
O espaço bastante amplo e agradável. Tínhamos dois campos de futebol, uma
quadra de esportes, mesa de pingue pongue um belo jardim e só faltava uma
piscina. Organizavam-se campeonatos, brincadeiras, jogos de xadrez, dama... Orientavam
para que não formássemos “panelinhas” nos recreios; constantemente deveríamos
mudar de companheiros... o que nem sempre era muito fácil.
Chamou-me
atenção que para nossa alegria, quintas feiras, não tínhamos aulas. Normalmente
organizavam passeios e íamos a pé para alguma chácara, de algum conhecido dos
padres e que ficasse próxima da cidade. Nas outras quintas organizavam jogos,
limpeza geral da casa. Sábados aulas
normais.
Todos
com o mesmo uniforme, calça comprida amarelo caqui. Camisa de preferência
branca. Sapatos e meia.
Havia
dois grandes dormitórios. Uns para os alunos maiores e outro para os menores.
Para auxiliar o Padre Diretor de Disciplina nomeavam alguns alunos mais velhos
e disciplinados que recebiam o título de “bedel”. Tínhamos um grande auditório
com palco que servia também de SALÃO DE ESTUDOS para todos. Lá passávamos a
maior parte do tempo depois das aulas.
Pela
manhã diariamente às 6:00hs tínhamos a oração da manhã, pequena meditação feita
pelo Diretor Espiritual e a missa celebrada normalmente pelo padre Reitor.
Só
havia uma presença feminina. A velha dona AUGUSTA, cozinheira muito estimada
que tinha o AGRIPINO um “quarentão” que lhe era auxiliar.
Tudo
funcionava ao bater do sino que tinha hora para tudo.
BRASA QUENTE NA FOGUEIRA DA
CONVERSAÇÃO
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