sexta-feira, 11 de agosto de 2017

SENTIMENTOS DE PAIS DE UM DEPENDENTE QUIMICO
José Vanin Martins – agosto/2.017

            Quando descobri a dependência química na vida de meu filho meu primeiro sentimento foi de PESAR. Senti um grande peso na minha vida. Iria aguentar calado a sua autodestruição? Iria destruir-me com ele, por causa dele?  O peso pareceu-me insuportável.
            Um segundo sentimento foi de TRISTEZA. Perdi a alegria de viver. Tornei-me triste. Os que conviviam comigo perceberam a minha mudança de humor.
            Um terceiro sentimento foi de IRA. Usando da força física iria acordá-lo para seu problema e mudança de vida?  Muitas vezes troquei o diálogo pela indignação. Gritei, xinguei, chorei, esbravejei e nada adiantou.
            Um quarto sentimento foi de FRUSTRAÇÃO. Minhas primeiras tentativas não deram certo. O meu projeto de educação, meu sonho falhou, não por minha culpa.  A dependência química tornou-se mais forte que todo esforço e promessas dele.  À olhos vistos ele se afundava e seu comportamento era cada vez mais inadequado, tornando-se até insuportável. Parou os estudos e nada de querer cooperar em casa ou trabalhar.
            Um quinto sentimento foi de EMBATE, de DESAJUSTE. Eu e ele nos desajustamos. Nem ele, nem eu nos compreendíamos. Ficamos de lados opostos. Descobri que não sabia falar a linguagem do coração e nem a do bom senso. Nossa vida tonou-se “torre de babel”.
            Um sexto sentimento foi de um PROFUNDO ANSEIO de mudança. Redescobri a espiritualidade. Vivenciei a minha impotência. Tudo dependia só dele. Senti-me de mãos atadas. Voltei-me para Deus. Só Ele pode. O primeiro pedido foi que Deus me devolvesse a paz e o verdadeiro amor. Agora descobri o que é amar e perdoar o pecador, a prostituta e o ingrato. Aprendi de verdade o amor incondicional.·.   
            Um sétimo sentimento de ESPERANÇA reascendeu em minha vida. Compreendi, só agora, o dito popular: “Deus escreve certo em linhas tortas”.  Mais que importar pelas linhas tortas devo me importar com a escrita que Deus está fazendo. Amar quem está certo e me agrada é fácil. O amor para qualquer dependente tem que ser totalmente incondicional e isto dói, custa. O dependente precisa se libertar de tudo e de todos para só em Deus encontrar sua completa liberdade.
            É preciso que o dependente renasça de novo. Nascer do alto. Nascer com novas ideias e paradigmas.  Nem sempre o espaço familiar, ocupado pelo primeiro útero, será o melhor. É preciso um novo útero acolhedor.  Isto exige total desapego da família. Cabe à família fazer a sua parte. Agora é o dependente quem buscará o novo útero.
            Deus PAI E MÃE é o útero acolhedor para o qual voltará toda a humanidade. É a sua bondade, a sua misericórdia quem acolhe a todos e a cada um, e é bom sempre lembrar que os últimos serão os primeiros Mt 19,30; 20,15-16.

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