SENTIMENTOS DE PAIS DE UM
DEPENDENTE QUIMICO
José Vanin Martins – agosto/2.017
Quando descobri a dependência química na vida de meu
filho meu primeiro sentimento foi de
PESAR. Senti um grande peso na minha vida. Iria aguentar calado a sua autodestruição?
Iria destruir-me com ele, por causa dele?
O peso pareceu-me insuportável.
Um segundo
sentimento foi de TRISTEZA. Perdi a alegria de viver. Tornei-me triste. Os
que conviviam comigo perceberam a minha mudança de humor.
Um terceiro
sentimento foi de IRA. Usando da força física iria acordá-lo para seu
problema e mudança de vida? Muitas vezes
troquei o diálogo pela indignação. Gritei, xinguei, chorei, esbravejei e nada
adiantou.
Um quarto
sentimento foi de FRUSTRAÇÃO. Minhas primeiras tentativas não deram certo. O
meu projeto de educação, meu sonho falhou, não por minha culpa. A dependência química tornou-se mais forte que
todo esforço e promessas dele. À olhos
vistos ele se afundava e seu comportamento era cada vez mais inadequado,
tornando-se até insuportável. Parou os estudos e nada de querer cooperar em
casa ou trabalhar.
Um quinto
sentimento foi de EMBATE, de DESAJUSTE. Eu e ele nos desajustamos. Nem ele,
nem eu nos compreendíamos. Ficamos de lados opostos. Descobri que não sabia
falar a linguagem do coração e nem a do bom senso. Nossa vida tonou-se “torre
de babel”.
Um sexto
sentimento foi de um PROFUNDO ANSEIO de mudança. Redescobri a espiritualidade. Vivenciei a minha impotência. Tudo dependia só dele. Senti-me de
mãos atadas. Voltei-me para Deus. Só Ele pode. O primeiro pedido foi que Deus
me devolvesse a paz e o verdadeiro amor. Agora descobri o que é amar e perdoar
o pecador, a prostituta e o ingrato. Aprendi de verdade o amor incondicional.·.
Um sétimo
sentimento de ESPERANÇA reascendeu em minha vida. Compreendi, só agora, o
dito popular: “Deus escreve certo em linhas tortas”. Mais que importar pelas linhas tortas devo me
importar com a escrita que Deus está fazendo. Amar quem está certo e me agrada
é fácil. O amor para qualquer dependente tem que ser totalmente incondicional e
isto dói, custa. O dependente precisa se libertar de tudo e de todos para só em
Deus encontrar sua completa liberdade.
É preciso que o dependente renasça de novo. Nascer do
alto. Nascer com novas ideias e paradigmas. Nem sempre o espaço familiar, ocupado pelo primeiro
útero, será o melhor. É preciso um novo útero acolhedor. Isto exige total desapego da família. Cabe à
família fazer a sua parte. Agora é o dependente quem buscará o novo útero.
Deus PAI E MÃE é o útero acolhedor
para o qual voltará toda a humanidade. É a sua bondade, a sua misericórdia quem
acolhe a todos e a cada um, e é bom sempre lembrar que os últimos serão os
primeiros Mt 19,30; 20,15-16.
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